domingo, 16 de setembro de 2007

Second Life, política e BBB
por Ivan Barros*

Advogado Paulo Ferraz se inscreve em sistema de votação do Big Brother Brasil 8, desejando provar a eficiência de uma campanha política feita em meios eletrônicos. Segundo ele, comunidades virtuais de relacionamento, e mesmo o Second Life, podem fazer a diferença nas eleições do futuro.

Que muitos políticos vivem uma segunda vida, a opinião pública não duvida. Após lançar o seu livro Second Life para Empreendedores, pela Novatec Editora, agora o autor Paulo Ferraz (foto) resolve encarar uma ousada experiência de marketing: demonstrar que o famoso mundo virtual da Linden Lab também pode ser eficaz para a política, com tempo suficiente para estudar os erros e acertos de uma campanha pelo metaverso bem antes das eleições de 2010.

Nascido e criado em Brasília, a cidade virtual materializada por JK, Paulo Ferraz está cansado de ouvir falar que sua cidade só exporta duas coisas: bandas de rock e escândalos de corrupção. Pensando em transformar a queixa de muitos numa ação afirmativa, e mostrar que Brasília pode exportar outros "produtos", Ferraz decidiu tomar uma atitude: Fazer sua inscrição para a edição 8 do Big Brother Brasil, aproveitando do sistema de votação e "propaganda eleitoral gratuita" que o famoso reality show já possui, a fim de simular uma na telinha da Globo uma situação bem próxima a uma campanha eleitoral.

Paulo Ferraz pretende levar para o BBB uma proposta irreverente e, ao mesmo tempo, usar do seu bom humor para levantar polêmicas saudáveis na famosa casa. Inspirado em Hamlet, de Sheakespeare, e também no personagem do náufrago vivido por Tom Hanks há alguns anos no cinema, Ferraz também terá seus momentos de reflexão conversando com um objeto. Mas não será a bola Sr. Wilson o companheiro da vez no BBB, e sim a caveira de estimação do candidato, chamada Jabá.

A simpática caveira, estilizada como um pirata do caribe, foi assim batizada em ironia à desonesta tática da indústria do show business para fazer alguns artistas decolarem na rádio e na televisão. Ferraz explica o porquê da escolha do "companheiro" para o BBB: "Há muito tempo as pessoas querem ver a caveira de algum figurão de Brasília. Votando em mim para o BBB, elas terão esta chance. A minha caveira, o Jabá, representa o dilema moral na vida dos políticos, entre ser ou não ser corrupto, e também na dos artistas, entre apelar ou não para o sensacionalismo afim de aparecer."

A idéia sui generis de Paulo Ferraz não partiu do nada... Recentemente, a revista Veja usou o Second Life para parodiar as últimas ações do Partido dos Trabalhadores – PT, comparando as atitudes de alguns de seus políticos com "aquela brincadeira da internet em que as pessoas criam para si mesmas avatares com as qualidades que elas não possuem na vida real". Na campanha eleitoral pela vaga no Big Brother Brasil de 2008, o advogado pretende testar e apurar uma técnica de marketing virtual que deverá usada em massa pelos políticos na campanha para 2010.

Paulo Ferraz avisa que "doações de campanha" já estão sendo aceitas, em dólares Linden, em nome de Ceasar Lane, seu avatar-laranja. "Se é para simularmos uma campanha eleitoral, porque não testar também os mecanismos que poderão ser usados para fazer o famoso Caixa 2 pelos políticos?" , argumenta Paulo Ferraz em tom de brincadeira.

Logicamente não há, por parte do escritor, a pretensão de enriquecimento ilícito com as doações na simulação de campanha. Ferraz informa que as doações, porventura feitas no mundo virtual, servirão apenas para custear em parte as horas investidas em sua pesquisa de campo. Os resultados da sua pesquisa serão compartilhados posteriormente com a comunidade virtual, por meio de artigos publicados após a apuração dos resultados da "eleição" para o Big Brother Brasil de 2008.

O candidato Paulo Ferraz já produziu seu vídeo (disponível no link (www.8p.com.br/bbb/pauloferraz/perfil) para a campanha do BBB, que vem mantendo uma média de 68% de aprovação no site do reality show. Como um político astuto, Paulo evitou falar de política para, logicamente, não sofrer rejeição do público. "Distrair o eleitorado, na falta de uma plataforma política consistente, é uma técnica muito empregada por políticos mal intencionados", explica. Neto de um político carioca e criado na atmosfera de Brasília, Paulo Ferraz não possui aspirações políticas reais, mas usa o know-how de família para colaborar com a pesquisa de campo relacionada ao Second Life.

Com a campanha de Ferraz decolando, ao menos desta vez Brasília estará produzindo um escândalo que não foi originado numa lesão aos cofres públicos. "Se as câmaras do Big Brother por acaso me filmarem recebendo dinheiro ou um carro de alguém, desta vez os eleitores poderão respirar aliviados em saber que o presente não saiu do bolso dos contribuintes" , pondera Paulo Ferraz. Já que é para interpretar um político, o autor fará da sua presença no Big Brother Brasil, caso seja eleito, um grande palco para atuar nas artes cínicas e para arrancar boas risadas do seu "eleitorado" global.

*Ivan Barros é redator e analista de conteúdo da agência Webtiva.com

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