Os homens são altos, têm troncos e bíceps fortes. As mulheres, de cabelos longos, fazem questão de afinar a cintura e aumentar os seios. Não estamos em uma academia, tampouco em um centro cirúrgico, mas no ambiente virtual Second Life, em que internautas criam avatares com versões mais caprichadas de si mesmos.
por Daniela Arrais (Folha de SP)
A conclusão é da pesquisa "Just Like Me, but Better" (igualzinho a mim, só que melhor), feita pelas professoras Suely Fragoso e Nísia Rosário, do programa de pós-graduação em comunicação da Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul) e apresentada na 6ª Conferência Internacional em Cultura, Tecnologia e Comunicação, no mês passado, na França.
Reprodução Cena captada no ambiente virtual Lively, lançado pelo Google e tido como concorrente do Second Life Cena do Lively, lançado pelo Google para concorrer com o Second Life; usuários querem ser atraentes e fortes em avatares.
O interesse pela segunda vida surgiu na terceira tentativa de Fragoso em se inteirar do ambiente virtual (secondlife.com), que, recentemente, ganhou concorrência do gigante Google, com o lançamento do Lively (www.lively.com).
"Comecei, como todo mundo, visitando lugares, falando com as pessoas, observando. Logo quis ir mais fundo e aprender a fazer coisas. Construí sapatos, casas, móveis, experimentei com scripts (que deflagravam ações nas coisas e nos avatares), resolvi mexer com os próprios avatares, brincar com as possibilidades de formas, peles, roupas, acessórios. A essa altura eu já estava muito incomodada com a aparente falta de imaginação que reina no Second Life", disse a professora à Folha.
Foi, então, que Fragoso percebeu que pessoas diferentes, com formações distintas --de um operário inglês a um administrador alemão-- tinham avatares muito semelhantes. Fragoso conversou com a colega Rosário, que estuda as representações do corpo nas mídias visuais e digitais.
"Para fazer a pesquisa, antes de mais nada, tínhamos que considerar a possibilidade de que o nosso olhar estivesse contaminado. Era possível que víssemos avatares todos iguais porque só víamos um tipo de avatar, o criado pelo usuário do mundo ocidental."
A dupla pesquisou 61 avatares de 19 nacionalidades, como brasileira, alemã, chinesa, russa e sul-africana. Ao fim da pesquisa, que durou três meses, as professoras descobriram que existe um padrão de beleza entre os avatares.
"São todos muito simétricos, com boa proporção. O padrão de beleza é essencialmente caucasiano: a imensa maioria dos avatares são altos, de pele clara, cabelos lisos, corpos longilíneos. Embora esse seja um padrão relativo a um tipo étnico bem definido, atravessa todas as culturas, aparece em avatares do mundo todo."
Origem: Folha de São Paulo (imagens retiradas do Orkut).
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