domingo, 11 de novembro de 2007

Portugueses continuam usando o Second Life para recriar edifícios históricos

O edifício que se ergue em um espaço ainda fechado no Second Life é um ambicioso projeto: a reprodução do Palácio da Pena. Uma recriação como poucas no mundo virtual.

Se muito da paisagem de Second Life é um monte de repetições de modelos que não tem qualquer base material, a verdade é que existem também projetos que transferem para ali o mundo real, permitindo desse modo alargar a um universo muito mais amplo a experiência de visitação de determinados locais.

O conjunto do Parque e Palácio da Pena está sendo construído no Second Life

É discutível o interesse dessa transferência. Para alguns, defensores de que num mundo virtual devem-se quebrar todas as barreiras físicas, pode mesmo ser dispensável esta recriação que respeita o original. Mas a verdade, pela nossa experiência, observa-se que as pessoas gostam da ligação que essa passagem ao virtual lhes dá. E isso é algo que não sucede exclusivamente aqui, no Second Life. Tem ocorrido em outros "mundos" ao longo de anos. As recriações de lugares históricos em jogos de computador, por exemplo, são uma forma lúdica de mostrar aos usuários esses espaços. Alunos em visita a Versalhes, após terem experimentado um jogo em torno da figura do Rei-Sol e sua corte, servido como mistério policial, conheciam os cantos do palácio, até mesmo pontos que não estavam integrados no roteiro oficial. É um saber cúmplice que icentiva o interesse por um tema, neste caso a História.

Todo o parque

É nesse contexto que se deve olhar para o Palácio da Pena implantado dentro do Second Life. Como projeto nacional que é, trata-se de um exercício ambicioso, que já despertou interesse para fora das fronteiras. Afinal, escapa da repetição de criações de simuladores com os usuais locais de diversão noturna, espaços para aluguel, e uma variante de módulos repetitivos de muitas ilhas, procurando modelar de uma forma ostensivamente ambiciosa um dos ícones da arquitetura. Que nem sequer é cópia dos castelos do Reno, como alguns por vezes sugerem.

Reunindo quatro ilhas para dar forma às dimensões do complexo, e com cerca de 30 mil "prims" - a matéria primordial ou tijolos de construção do Second Life - o Palácio da Pena está ainda em fase de produção, faltando-lhe muito para estar pronto. Até porque, evidenciam os sinais ao seu redor, a simulação não se limita ao edifício, ordenando também elementos do conjunto do Parque da Pena, da Fonte dos Passarinhos à Capela do Alto de Santo António e aos Lagos, testemunhos de que o traçado do parque, que faz conjunto com o Palácio, está no projecto virtual. Resta saber para que serve um simulador com estas dimensões, onde não parecem caber os habituais locais de "camping" que criam de forma artificial tráfego de avatares.

Escola e turismo

Uma utilização possível desta reprodução do Parque e Palácio da Pena é, sem dúvida, a oferta de um primeiro contato, mesmo que virtual, com todo o espaço, tipo de utilização que abre possibilidades para escolas fazerem visitas virtuais antes de, por exemplo, uma excursão ao local real. Essa preparação da viagem através dos meios hoje permitidos pela informática é uma excelente ferramenta que os professores podem integrar às suas aulas. E claro que este edifício amarelo e rosa cujas cores não vão desbotar como sucede com o real, é ainda um bom motivo turístico que Portugal pode capitalizar, promovendo o turismo neste canto lusitano, à semelhança do que a Irlanda, o México e outros países já estão a fazer em Second Life. É nesse contexto que obras como esta se justificam na participação portuguesa no Second Life: porque revelam de uma forma interativa o que temos de bom. E o que de bom sabemos fazer no Second Life.

Escrito por José Antunes, do Expresso Clix.
Publicidade:

Nenhum comentário: