segunda-feira, 10 de março de 2008

Caso "SexBed": Justiça identifica proprietário do avatar Volkov Catteneo

Após meses de investigações, o avatar processado por apropriação de conteúdo autoral, no Second Life, é localizado e já confirmou ser quem procuram. Fato joga por terra a teoria de que usuários do SL não são rastreáveis.

Robert Leatherwood. Este é o nome da pessoa real por trás do avatar Volkov Catteneo, alvo do mais polêmico episódio jurídico da história do Second Life. No ano passado, Kevin Alderman (aka. Serpentine Stroker) processou um "avatar" (Volkov) na primeira ação baseada em roubo de direito autoral, no metaverso da Linden Lab. Na ação, Alderman acusava o usuário do Second Life por ter se apropriado da sua "SexBed", uma cama erótica com mais de 60 posições automatizadas, e em seguida vendendo-a por menos da metade do preço estipulado pelo autor.

Além de objetivar reparação financeira pelos prejuízos causados, Alderman também queria saber quem era a pessoa que controlava o avatar. Depois de quatro meses de investigações, empregando intimações e detetives particulares, o reclamante identificou, há algumas semanas, Robert Leatherwood, 19 anos, como o procurado "Volkov Catteneo".

Negação e confissão em 'pegadinha'

Leatherwood ignorou todas as intimações dos tribunais, o que resultou em um acórdão padrão para Alderman. Contudo, até este final de semana, o rapaz insistia que "Serpentine Stroker" havia identificado a pessoa errada e que a conta de Volkov Catteneo, ainda ativa no Second Life, se referia a uma outra pessoa, que ele igualmente "desconhecia".

Porém, com a ajuda de Alderman, a reportagem da Reuters procurou Leatherwood, que se mostrou receptivo ao convite à uma entrevista, realizada através de videoconferencia, no último dia 5 de Fevereiro. Após uma série de perguntas de duplo sentido e outras perguntas 'charadas', especialmente preparadas por dois psicólogos para a agência, em pouco tempo Robert 'confessou' subliminarmente que controlava o avatar Catteneo. Em seguida, pressionado, abriu o jogo: "Está correto, sou o Volkov sim. Eu não vejo lógica em ter que voltar atrás e assumir minhas ações, apenas para que Stroker ganhe a causa. A Constituição dos EUA permite que eu fique calado, para que o que eu diga não seja usado contra mim". Assim, em primeira mão, a Reuters obteve uma confirmação digitalmente documental da identidade do avatar processado, pois a entrevista foi gravada na íntegra.

A revelação abre um precedente importante na história do Second Life, e outros mundos virtuais, quando o "véu do anonimato" é rasgado, mostrando que é possível sim rastrear e identificar usuários do metaverso, nos países em que a legislação facilita este procedimento, como os EUA. Contudo, ainda é uma questão problemática pois abre uma janela por onde novas ações poderão ser movidas, agora que este rastreamento mostrou dar resultado. Espera-se que novos processos sejam abertos, solicitando identificação de donos de avatares que praticaram golpes no Second Life.

Método de rastreamento

Para a identificação de Leatherwood, Kevin Alderman enviou intimações judiciais para a Linden Lab e para a PayPal, afim de obter informações separadas sobre Volkov Catteneo, para depois compará-las e encontrarem fatores comuns. Provedores de acesso também foram convocados a identificar as conexões dos IPs fornecidos pela Linden, relacionadas aos logins deste avatar. Chegou-se assim, a alguns endereços. Dentre eles, o da residência de Leatherwood (seu endereço se encontra protegido sob sigilo jurídico).

Segundo Sean Kane, advogado especializado em crimes virtuais, foram adotados procedimentos padrão e essenciais. "É possível identificar alguém no Second Life. Porém os custos técnicos e judiciais assumidos por Alderman foram altos. Esta é ainda a maior barreira para resolver questões deste tipo em metaversos". Estima-se que Serpentine Stroker gastou cerca de 10.000 dólares americanos, entre intimações legais e auxílio de investigadores particulares para chegar aos dados de Leatherwood. "É preciso que estes procedimentos sejam mais acessíveis e que a Justiça dos EUA funcione com mais rigor, e objetividade, para que ela própria chegue à identidade dos contraventores virtuais, por meios oficiais, sem ajuda de terceiros. Isto reduz dramaticamente os custos", analisa Kane.

Escrito por Eric Krangel, para a Reuters.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Anonimato no SL é um dos facilitadores dos roubos, dos bots, da falta de respeito em geral. Tá na hora da Linden (e da Kaizen é claro!) começar a exigir identidade dos usuários. Principalmente dos que tem qualquer movimentação financeira.