Após meses de investigações, o avatar processado por apropriação de conteúdo autoral, no Second Life, é localizado e já confirmou ser quem procuram. Fato joga por terra a teoria de que usuários do SL não são rastreáveis.

Além de objetivar reparação financeira pelos prejuízos causados, Alderman também queria saber quem era a pessoa que controlava o avatar. Depois de quatro meses de investigações, empregando intimações e detetives particulares, o reclamante identificou, há algumas semanas, Robert Leatherwood, 19 anos, como o procurado "Volkov Catteneo".
Negação e confissão em 'pegadinha'
Leatherwood ignorou todas as intimações dos tribunais, o que resultou em um acórdão padrão para Alderman. Contudo, até este final de semana, o rapaz insistia que "Serpentine Stroker" havia identificado a pessoa errada e que a conta de Volkov Catteneo, ainda ativa no Second Life, se referia a uma outra pessoa, que ele igualmente "desconhecia".
Porém, com a ajuda de Alderman, a reportagem da Reuters procurou Leatherwood, que se mostrou receptivo ao convite à uma entrevista, realizada através de videoconferencia, no último dia 5 de Fevereiro. Após uma série de perguntas de duplo sentido e outras perguntas 'charadas', especialmente preparadas por dois psicólogos para a agência, em pouco tempo Robert 'confessou' subliminarmente que controlava o avatar Catteneo. Em seguida, pressionado, abriu o jogo: "Está correto, sou o Volkov sim. Eu não vejo lógica em ter que voltar atrás e assumir minhas ações, apenas para que Stroker ganhe a causa. A Constituição dos EUA permite que eu fique calado, para que o que eu diga não seja usado contra mim". Assim, em primeira mão, a Reuters obteve uma confirmação digitalmente documental da identidade do avatar processado, pois a entrevista foi gravada na íntegra.
A revelação abre um precedente importante na história do Second Life, e outros mundos virtuais, quando o "véu do anonimato" é rasgado, mostrando que é possível sim rastrear e identificar usuários do metaverso, nos países em que a legislação facilita este procedimento, como os EUA. Contudo, ainda é uma questão problemática pois abre uma janela por onde novas ações poderão ser movidas, agora que este rastreamento mostrou dar resultado. Espera-se que novos processos sejam abertos, solicitando identificação de donos de avatares que praticaram golpes no Second Life.
Método de rastreamento
Para a identificação de Leatherwood, Kevin Alderman enviou intimações judiciais para a Linden Lab e para a PayPal, afim de obter informações separadas sobre Volkov Catteneo, para depois compará-las e encontrarem fatores comuns. Provedores de acesso também foram convocados a identificar as conexões dos IPs fornecidos pela Linden, relacionadas aos logins deste avatar. Chegou-se assim, a alguns endereços. Dentre eles, o da residência de Leatherwood (seu endereço se encontra protegido sob sigilo jurídico).
Segundo Sean Kane, advogado especializado em crimes virtuais, foram adotados procedimentos padrão e essenciais. "É possível identificar alguém no Second Life. Porém os custos técnicos e judiciais assumidos por Alderman foram altos. Esta é ainda a maior barreira para resolver questões deste tipo em metaversos". Estima-se que Serpentine Stroker gastou cerca de 10.000 dólares americanos, entre intimações legais e auxílio de investigadores particulares para chegar aos dados de Leatherwood. "É preciso que estes procedimentos sejam mais acessíveis e que a Justiça dos EUA funcione com mais rigor, e objetividade, para que ela própria chegue à identidade dos contraventores virtuais, por meios oficiais, sem ajuda de terceiros. Isto reduz dramaticamente os custos", analisa Kane.
Escrito por Eric Krangel, para a Reuters.
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Um comentário:
Anonimato no SL é um dos facilitadores dos roubos, dos bots, da falta de respeito em geral. Tá na hora da Linden (e da Kaizen é claro!) começar a exigir identidade dos usuários. Principalmente dos que tem qualquer movimentação financeira.
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