Os astronautas utilizarão mundos virtuais para quebrarem o isolamento, anunciou a Wired neste mês, confirmando aquilo que a NASA sinalizou em Maio, ao entrar no Second Life de forma muito ativa.
A NASA está seriamente interessada em usar o Second Life como uma fronteira de tecnologia e comunicação, afirma Jessy Cowan-Sharp, do Ames Research Center, da NASA.
Jessy é o avatar DragonFire Kelly - que no Second Life ajudou a criar o NASA Colab, uma imensa ilha com informação oficial e experiências da NASA, abertas ao público em geral. Ele afirmou, em entrevista à MSNBC, que quem olhar com atenção para o Second Life perceberá que se trata de "um conjunto de ferramentas que permitem fazer tudo o que se deseja. Há muito mais coisas para acontecerem no Second Life, do que em outros jogos".
Ante estes sinais, seria de esperar que a ESA, a agência espacial européia, tomasse também alguma iniciativa de aproveitamento dos mundos virtuais - Second Life sobretudo, dadas as suas capacidades de modelação - para mostrar seu trabalho. Mas o site da ESA é completamente omisso quando se pesquisa por mundos virtuais, em seu motor de busca incorporado.
Provando que a NASA e a ESA estão, neste aspecto, em posições distintas, a NASA acaba de lançar um novo sinal do entusiasmo com que, em Maio, avançou para a conquista do espaço virtual e, mais recentemente, sugeriu sua aplicação nas comunicações entre os astronautas, enquanto no espaço, e o público em geral.
Agora, em declarações para um artigo da revista Wired, sobre o Second Life (depois de ter contratado um repórter para escrever mal sobre o mundo virtual, a revista confessou o fato e parece tentar consertar seu erro), Jessy Cowan-Sharp adianta que "os mundos virtuais terão um papel chave na volta dos astronautas à Lua e na exploração de Marte".
"Phone home"
De fato, tal como nos referimos semanas atrás, a NASA pretende usar os mundos virtuais para conectar os astronautas em missão, ao público em geral, permitindo que pessoas comuns participem mais diretamente nas missões espaciais. Mas com a longa missão a Marte começando a tomar forma, a agência espacial americana acha que pode levar mais longe o uso de ferramentas como o Second Life, propondo-se a usar um mundo virtual como forma dos astronautas manterem uma ligação às suas famílias durante a longa ausência, calculado em 800 dias.
Jeanne Holm, do Jet Propulsion Laboratory, afirmou ao Wired que "pretendemos que os nossos astronautas "telefonem para casa" de uma forma que lhes permita sentarem-se à mesa de jantar com a família, ajudar as crianças com o trabalho de casa e analisar as últimos descobertas em conjunto com os seus colegas na Terra." Os especialistas da NASA acham que essa é a forma correta de lidar com os problemas psicológicos causados pela separação e pelo confinamento. Esse "phone home" recorda-nos a quase súplica do E.T. do filme de Steven Spielberg, que ficou famosa, e sugere que a ficção se antecipou, uma vez mais, à realidade. Talvez o E.T. também "telefonasse", como os astronautas irão fazer.
Vá a Marte
Enquanto a NASA cria um mundo virtual capaz de servir para suas finalidades, uma espécie de salada de Second Life com World of Warcraft - segundo a Wired - e cria na Terra um espaço onde os astronautas poderão treinar como se estivessem em Marte, os visitantes do SL já podem apreciar uma fatia da história passada da exploração de Marte, com a sonda Viking e os Rovers usados no planeta.
A réplica de uma cratera marciana (Victoria), e escala 1:3 - se fosse na escala real ocuparia 9 ilhas - é um dos frutos da colaboração entre os residentes do Second Life e a NASA. Para o visitante é uma experiência única, no qual toda a família é convidada. É de fato com alguma emoção que se visita, mesmo que de forma virtual, Marte, pisando o terreno mesmo antes dos astronautas lá chegarem. Não hesite, faça o download do navegador SL ainda neste fim-de-semana, instale-o e inscreva-se - é grátis. Tecle então NASA no mecanismo de busca e teleporte-se para a ilha da agência espacial. A viagem começa ali.
Escrito por José Antunes, para o Expresso Clix.
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