segunda-feira, 14 de abril de 2008

Second Life oferece palco mundial para novas bandas

Metaverso pode ajudar os meios tradicionais de promoção artística.

Em 2005, a britânica Leo Wolff tornou-se usuária do Second Life (SL). Ela e mais oito músicos compraram juntos um pequeno terreno virtual. Algum tempo depois, o grupo inaugurou a Virtual Garage, espaço onde cada um deles poderia apresentar suas músicas.

A personagem virtual de Leo, batizada como Slim Warrior, foi a primeira artista britânica a se apresentar no SL. Ela também participou do primeiro dueto no metaverso. Na vida real, seu parceiro de apresentação estava a quilômetros de distância, tocando a partir de um computador no Texas.

Leo, que promove outros músicos do SL e organiza festivais, faz parte de um número cada vez maior de artistas que encontram no metaverso o espaço para o lançamento de suas carreiras. Dos 13 milhões de residentes cadastrados no Second Life, pouco mais de cem músicos se apresentam ao vivo.

"A principal vantagem é que conseguimos atingir uma audiência maior e globalizada, conquistando uma grande base de fãs ao redor do planeta", explicou Leo durante entrevista à agência de notícias Reuters. "O Second Life também estimula a autoconfiança, especialmente nos novatos, que sentem que o mundo virtual os ajuda a construir a personalidade artística antes de se apresentarem no mundo real", diz.

Aos 42 anos, Leo, que produz música eletrônica, descreve-se como uma "artista virtual". Ela nunca se apresentou fora do Second Life apesar de dizer que seria ótimo tocar diante de uma platéia no mundo real. Contudo, na vida real, ela é aconselha bandas e artistas indie a respeito de apresentações no Second Life.

No SL, o artista precisa apenas da ferramenta de áudio e vídeo do próprio jogo para tocar ao vivo a partir de casa, do estúdio ou de um palco. Apesar de exigir um computador potente e acesso à internet via conexão de banda larga, os custos e o trabalho são pequenos se comparados aos de um show na vida real.

Alguns artistas cobram ingresso simbólico, mas muitos, como Slim Warrior, tocam de graça. "É ótimo para promover seu nome e fazer com que ele seja reconhecido, assim você pode vender produtos", diz Leo. Os shows são anunciados no calendário de eventos da comunidade e fãs enviam mensagens instantâneas, convidando os amigos para as apresentações.

Sem o MySpace

Diferente do site de relacionamentos MySpace, o Second Life oferece uma plataforma viva com interação que ocorre apenas quando o artista toca diante de uma platéia. "No MySpace, os usuários encontram a página pessoal do artista ou ficam sabendo a respeito dela por indicação de amigos. Já no Second Life, a divulgação do trabalho artístico é mais efetiva, aparecendo em fóruns, ilhas, agenda e bares virtuais", explica Leo.

Mas o Second Life tem algumas limitações. A principal delas refere-se à capacidade das ilhas. "Se você tem uma ilha particular no SL, você poderá acomodar até cem avatares na platéia. Nas ilhas da mainland, esse número cai para 40." Para driblar o problema, Leo sugere a transmissão do evento para outras ilhas numa espécie de rede de vídeo.

Por enquanto, não dá para dizer que o sucesso no SL se transformará em contrato com uma grande gravadora da vida real, mas o metaverso pode ajudar os meios tradicionais de promoção. A indústria da música lentamente começa a entrar na cena virtual. Em agosto de 2006, a cantora norte-americana Suzanne Vega tornou-se a primeira grande artista a apresentar-se ao vivo no SL na forma de um avatar para o programa de rádio virtual The Infinite Mind. Logo em seguida, foi a vez da banda Duran Duran inaugurar sua própria ilha para shows.

Escrito por Dominique Vidalon . Reuters
Foto: Estadão.com.br

Publicidade:

Nenhum comentário: