terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Portugal prepara o maior centro de tecnologias virtuais do planeta

Em Dezembro, estreia o maior centro de realidade virtual do mundo no Europarque, de Santa Maria da Feira. Salas com paredes cobertas de imagens 3D são o principal atractivo. O Second Life é um dos maiores destaques do local.

Conhece o Second Life? Então, imagine um ambiente de realidade virtual que ocupa uma sala inteira, por onde passam usuários de carne e osso, e facilmente terá uma idéia do que é o Complexo Tecnológico Interativo que será instalado no Europarque, de Santa Maria da Feira. O projeto é da portuguesa Insize e prevê a transformação do espaço museológico Visionarium num local de realidade virtual único no mundo. As obras iniciaram Outubro. A estreia está marcada para este mês de Dezembro.


"Qualquer empresa poderá criar um espaço de realidade virtual no novo Visionarium. Para encomendar este espaço, basta entregar um arquivo de modelagem 3D que descreva o local a ser criado. Os projetos também poderão ser apresentados em papel", explica João Franco Vieira, sócio e fundador da Insize, juntamente com Gilberto da Rocha e Mário Aires Martins. O Complexo Tecnológico Interactivo começou a dar os primeiros passos em 2004. Hoje, a Insize está em condições de começar a lançar a “pedra fundamental” do futuro complexo – um passo para o qual terá contribuído o ingresso da Associação Empresarial Portuguesa (AEP) como acionista maioritária, e o financiamento de mais de 20 empresas, entre elas, a gigante da realidade virtual, EON Reality. O projeto também mereceu o apoio do Plano Tecnológico.

Além dos serviços para empresas e órgãos públicos, a Insize prevê criar espaços de realidade virtual focados na educação e no entretenimento. É esta abrangência que promete tornar o Visionarium um espaço de realidade virtual único no mundo, no que diz respeito à dimensão e à variedade de serviços. "Atualmente, só existem centros similares focados no entretenimento e na educação. E são administrados por órgãos públicos", acrescenta João Franco Vieira.

A reformatação do Visionarium vai implicar na adaptação de salas e na instalação de equipamentos que reproduzem ambientes de realidade virtual a três dimensões. Retroprojetores que criam salas imersivas, mesas interativas, telas, telões e água que suportam hologramas, são alguns dos muitos equipamentos que serão instalados no espaço que, nos últimos nove anos, foi ocupado pelo antigo museu de ciência.

A atual vertente educacional será mantida em parte do edifício, mas com o uso de equipamentos de realidade virtual. Cada imagem utilizada em ambiente de realidade virtual é, em uma primeira fase, trabalhada em aplicações tradicionais de modelação 3D e, posteriormente, convertida para as dimensões e suportes finais através de plug ins que realizam processos similares à tradicional renderização.

O projeto prevê o investimento de oito milhões de euros para o lançamento das atividades, ainda neste mês de Dezembro. Nos dois anos seguintes, o investimento total deverá chegar a 20 milhões de euros. Estes números não assustam os responsáveis da Insize. "É um projeto útil a múltiplos setores. Pode ser utilizado para mostrar projetos de arquitetura, aperfeiçoamento de modelos, demonstração de equipamentos, treinamentos de logística, proteção civil ou das forças militares, ou até mesmo para analisar o tráfego aéreo de um determinado aeroporto", enumera João Franco Vieira.

Além da flexibilidade dos ambientes de realidade virtual, Mário Aires Martins aponta a rentabilidade como um fator de sucesso: "É o que todo mundo anda procurando. A realidade virtual aumenta os custos de lançamento de um projeto em 10% a 20%, mas reduz em 30% a 50% os custos totais de produção. Além disso, pode reduzir na mesma proporção o tempo de produção". "Na origem das substanciais reduções de custos e de tempo de produção está a possibilidade proceder com ajustes em um determinado projeto, quando ainda não passou da realidade virtual. Com este processo, as empresas evitam erros de concepção, que só são detectáveis nos primeiros protótipos reais", afirmou.

Além da criação do novo Visionarium, a Insize pretende apostar na produção de conteúdos para ambientes de realidade virtual. Para os mentores da Insize, mais do que a viabilidade técnica do projeto, é a mentalidade reinante o único obstáculo a ser ultrapassado. "A maior dificuldade é levar as empresas a perceber a importância da realidade virtual. Dentro de cinco anos, essa questão nem será mais posta em discussão. Ninguém mais arriscará produzir algo sem ensaios via realidade virtual", comenta Mário Aires Martins.

Eis alguns dos atrativos do novo Visionarium:
  • SALAS IMERSIVAS: no início haverá uma sala imersiva, com chão, teto e paredes que servirão de suporte para imagens de realidade virtual. Posteriormente, serão criadas mais duas salas imersivas. A estes três espaços, deverão juntar-se outras salas, onde a realidade virtual deverá estar presente apenas em quatro faces.
  • MESAS IMERSIVAS: seis mesas que refletem objetos e seres vivos em três dimensões.
  • SALAS DE FORMAÇÃO: duas salas que dão “volume” aos participandes de videoconferências. A estas duas salas se acrescentará um auditório para palestras e cinema imersivo.
  • CORREDORES COM HOLOGRAMAS: espaços com dispositivos que emitem anúncios publicitários suportados por hologramas.
  • SCANNER 3D: dispositivo que permite digitalizar a imagem de uma pessoa, para posterior inserção em um filme ou em um cenário.
Nos EUA, só daqui a dois anos

O novo Visionarium ainda não começou a operar e já começou a produzir efeitos… nos EUA. Um projeto de contornos similares foi apresentado Novembro, com vista à construção de um centro de realidade virtual de grandes dimensões em San José, Califórnia.

O novo projeto, que também tem por mentores os responsáveis da Insize, só deverá estar concluído dentro de dois anos e promete elevar a tradição tecnolológica do já famoso Silicon Valley. O projeto, também denominado "Insize", está orçado em 2,5 milhões de dólares (cerca de quatro milhões de reais) e prevê a construção de um edifício de 100 mil metros quadrados e a adaptação do espaço imersivo para escritórios, hotéis e outras infra-estruturas. Enquanto autora do projeto, a Insize garantiu 10% do faturamento proveniente da exploração do edifício central e dos outros espaços do complexo.

A arquitetura do edifício central é de autoria do próprio João Franco Vieira e prevê a construção de dois pisos subterrâneos (estacionamentos) e mais quatro superiores. Cada piso terá uma função específica: lojas e restaurantes; entretenimento, educação e formação acadêmica; escritórios. O projeto prevê que grande parte dos espaços (das fachadas ao teto; dos corredores aos sanitários) seja “ocupada” por imagens de realidade virtual. O que explica o fato das receitas na exploração deste ramo de atividade serem calculadas em metros cúbicos.

Origem: Expresso . Clix
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