domingo, 30 de dezembro de 2007

Second Life Ballet melhora auto-estima de pessoas deficientes no mundo real

Ir o ballet não é fácil para algumas pessoas. Mas o SLBallet permite que deficientes e doentes em hospitais vejam e até participem das apresentações. É uma aventura extra permitida por Second Life. E grátis.

E por que razão alguém veria um bailado executado por figurinhas que parecem marionetes pulando e saltando numa tela de computador? Porque, como escreveu numa edição do Second Life Herald o avatar Pixeleen Mistral, depois de assistir a uma apresentação, "no final do primeiro ato, percebi que a mesma resposta emocional que teria ante um espectáculo de dança no mundo real está presente no mundo virtual". É disso que se trata, afinal. E não será tão diferente - não pode ser - da emoção que alguém pode sentir ao ver um filme no cinema e identificar-se com as emoções transmitidas pelos atores.

O elenco do SLBallet agradece ao público no final de uma apresentação

Essa capacidade de transmitir emoção foi, afinal, uma das razões para a criação do SLBallet, em Fevereiro de 2007, como uma das mais importantes instituições de dança do Second Life. Concebido por Inarra Saarinen, fundadora e diretora da companhia, o Second Life Ballet extende ao mundo virtual a experiência da autora na vida real, onde é bailarina e coreógrafa para palco, filmes e vídeo.

A vontade de experimentar o potencial de um espaço virtual para o desenvolvimento de uma estética e vocabulário novos, aplicados à dança, levou Saarinen a formar uma companhia onde, fruto da liberdade criativa do Second Life, os intérpretes podem tomar outras formas além da humana. Tigres, dragões e aves são, afinal, parte da variedade de formas que os avatares poderão assumir. Para os atores, isso representa um potencial acrescido na arte da transformação, que pode ser efetuada no palco, diante da audiência, contribuindo para a magia do espetáculo.

Um novo bailado

Com atuações regulares no simulador da IBM, em um calendário que pode ser consultado na Internet, no site da companhia, o SLBallet passou por este período de festas com uma representação especial do "Quebra-Nozes", em uma adaptação para Second Life. O lançamento da temporada sucedeu com a estréia de uma peça em três atos, "Olmannen", uma história concebida e coreografada pensando no mundo virtual, que serve de palco à companhia. E a peça original "Windows" integrou também o calendário de 2007.

Para Inarra Saarinen, a passagem da peça para um palco virtual abre novas fronteiras. A direcora salienta que muitos, do público presente nos espectáculos, confessaram não assistir ter hábito de ir ao teatro, na vida real, mas que ficaram empolgados com a experiência no Second Lifge, o que contribui para divulgar o bailado como arte também no mundo real. Ao mesmo tempo, esta apresentação pode ser acessada por pessoas com limitações físicas, que teriam alguma dificuldade em deslocar-se a uma sala de espectáculos na vida real. Claro que existem gravações de danças artísticas em DVD e transmissões pela TV, também. Mas nunca com o ritmo dos bailados do SLBallet... que ainda por cima pode ser assistidos gratuitamente.

Dança para todos

Pessoas em cadeiras de rodas, com dificuldades em frequentar locais com muita gente, ou pessoas com doenças terminais são alguns dos visitantes regulares, um indicador precioso sobre o potencial das atividades lúdicas deste tipo, disseminadas para audiências através de Second Life. Além disso, as pessoas podem experimentar dançar, sem necessitarem sequer fazer qualquer exercício físico, o que pode ser uma forma de libertação para, por exemplo, pessoas com deficiências físicas gravez, em uma área onde o Second Life se tem revelado notada relevância. Essa participação contribui, ao mesmo tempo, para aumentar a audiência das apresentações, o que só pode ser benéfico para a dança artística como um todo.

Construído com uma nova linguagem, adaptada para o mundo virtual, o bailado do SL Ballet corre transversalmente por todos os tipos de dança, da clássica à contemporânea, explorando novas fronteiras que dificilmente serão apreciadas em outros locais. Histórias e coreografias originais, suportadas por música concebida propositadamente, servem de suporte para uma companhia de bailado que reúne amadores entusiastas e também profissionais do mundo da dança, em todo o mundo, reunidos em torno de um sonho comum: levar o bailado mais longe, pelos caminhos da virtualidade. O apoio da IBM parece um bom sinal de que as noites de dança artística no Second Life deverão continuar.

Escrito por José Antunes, para o Expresso Clix.
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