quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Líder em conteúdo Second Life demite

Entre os demitidos da The Eletric Sheep Company, está o vice-presidente de marketing e inovação. Analistas apontam o fato como um ajuste do mercado ao Second Life, que há meses deixou de ser considerada uma 'hype'.

A queda de popularidade que atinge o Second Life nos últimos meses provocou a demissão, nesta segunda-feira, de 22 funcionários da companhia The Eletric Sheep Company. Baseada em Washington, a empresa é responsável por grandes ações de marketing no metaverso, como o Virtual CSI:NY, I Am Legend, Reuters, etc., bem como a gestão do site virtual de vendas OnRez e do primeiro navegador licenciado e produzido fora da Linden Lab, o OnRez Viewer.


Entre os demitidos, encontra-se o vice-presidente de marketing e inovação, Joel Greenberg. Ele havia sido inicialmente contratado para desenvolver uma rede publicitária para o Second Life. Greenberg havia deixado, em Março, seu cargo de planejador sênior de publicidade na conceituada agência GSD&M, onde trabalhou por alguns anos, para abraçar a proposta da Eletric Sheep. Em Abril, ele havia proposto ajudar os residentes, com suas idéias, no aprendizado da venda de suas próprias publicidades, garantido ser possível a todos se tornarem "grandes e bem sucedidos vendedores de conteúdo e anúncios".

Fim da 'hype'

Alguns questionam se as demissões da Eletric Sheep denunciam um mal maior que ronda todo o Second Life. O site TechTurn abordou esta questão recentemente. Ali informa-se que alguns indícios apontam para uma grande queda de popularidade do metaverso, que teve seu auge nos primeiros meses de 2007, principalmente entre a classe dos marketeiros e empresários. No 'boom' do Second Life, empresas como a Dell e a Toyota criaram ilhas inteiras apenas para vender seus produtos, com algum sucesso inicial. Companhias viam no metaverso da Linden um meio barato para alcançar rapidamente seus consumidores. Expectativas estas atreladas ao entusiasmo da mídia, que consagrou o Second Life como a 'hype' mundial dos últimos 12 meses.

Hoje, porém, o que se vê são grandes companhias desativando suas ações ou outras que simplesmente abandonaram suas ilhas virtuais 'às moscas'. Talvez esperando que a popularidade do Second Life volte. Em Julho deste ano, uma reportagem do jornal Los Angeles Times indicava que a compra eletrônica de produtos através de um ambiente virtual não deveria se tornar uma atividade principal. Na matéria, pela primeira vez, publicava-se que os 'marqueteiros' estava adquirindo uma segunda-opinião sobre a quantidade de dinheiro a ser empregada em ações deste tipo. Era o começo do fim da 'hype'.

O jornal informou recentemente que a Starwood Hotels & Resorts estava encerrando sua participação no Second Life e doando suas ilhas virtuais para organizações sem fins lucrativos. O LA Times indica novamente sobre os imensos espaços corporativos vazios que tornam o metaverso da Linden em um 'mundo fantasma'. Como exemplo em destaque, o caso da Best Buy Co., no qual sua ilha não havia registrado uma visita sequer em 12 dias. Nem mesmo os empregados, que deveriam estar de plantão no local, se faziam presentes. A companhia teria investido cerca de 150.000 dólares no Second Life.

Pequenos investidores manterão o Second Life

Nos primórdios da sua existência, o Second Life começou a ser lucrativo com as ações dos pequenos e anônimos residentes, com seus modestos investimentos. A quantidade crescente destes investimentos atraiu para o metaverso uma audiência inesperada, o que atraiu a atenção das grandes companhias, contribuindo para tornar o metaverso em uma grande sacada de marketing.

Se esperou demasiado de um metaverso ainda em desenvolvimento e amadurecimento, com apenas 4 anos de idade. O Second Life nunca irá acabar. O que vemos é o fechamento de um ciclo que não foi, talvez, a melhor coisa que poderia ter acontecido ao mundo virtual da Linden. Observamos uma 'volta às origens', onde os pequenos investidores, com suas lojinhas virtuais, irão manter o grid funcionando, só que de uma forma mais sensata e menos megalomaníaca.

O Second Life foi vítima de um entusiasmo exagerado, mas que agora dá lugar àqueles que de fato colocaram o metaverso onde ele está. Com uma média diária de 40.000 usuários logados simultâneamente, observaremos uma nova e estável etapa, que incentiva o prosseguimento das pequenas ações. Os veteranos poderão, finalmente, voltar aos bons e românticos tempos 'pré-hype' do Second Life, sem a presença dos aventureiros e dos oportunistas.

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