domingo, 16 de dezembro de 2007

O renascimento de Shakespeare

Em 2008 a peça Hamlet é levada ao palco do Globe Theater. Nada de especial se não fosse no Second Life e se a companhia de teatro não existisse somente naquele mundo virtual.

Desde Agosto que os ensaios e preparação do guarda-roupa vem ocorrendo, e em Novembro e Dezembro duas pequenas apresentações do primeiro ato da história do príncipe da Dinamarca, registradas em machinima - um sistema de animação usando motores gráficos de jogos ou... mundos virtuais - demonstraram o potencial da representação teatral no Second Life.

Os avatares dos atores de Hamlet, no SL, são vestidos a rigor, com trajes da época

A avatar Ina Centaur e sua equipe, reunidos sob a bandeira da SL Shakespeare Company, vão dar vida à reprodução do Globe Theater, erguida na ilha SLiterary, um nome associado à cultura no mundo virtual da Linden Lab. A missão é simples: recuperar as peças do escritor dentro de Second Life, usando para isso uma fusão do que de melhor há no teatro, em termos de talento, com uma das mais revolucionárias tecnologias disponíveis.

Nova revolução

Na época de Shakespeare, um grupo de atores revolucionou o teatro promovendo a excelência através de novas formas de interpretação. Esse período foi fundamental para a criação das bases do teatro moderno. É com esse mesmo espírito que a SL Shakespeare Company pretende recuperar, ao transferir para o metaverso, o clássico "Hamlet" e, depois, outras peças do autor inglês: abrir novas fronteiras para a exploração dos mundos virtuais, traçando as bases de um teatro necessariamente diferente mas que também passa por ali.

A primeira peça do grupo vai recorrer ao uso de tecnologia que permite criar "bots" (representações virtuais animadas) dos atores. A equipe pretende trabalhar com dois tipos: os "Infobots", que são gerenciados por dados e totalmente autômatos, e os "AvaBots", que funcionam em sintonia com a voz dos atores, de modo a liberá-los para a representação vocal da peça, sempre feita ao vivo. Segundo a SL Company, os AvaBots são sincronizados com os diálogos de cada ator, de modo que se movam de acordo com a ação. No futuro, será possível avançar para o sincronismo de lábios e para a captura direta de movimentos corporais, em tempo real, transferidos para cada avatar no palco virtual.

Em conjunto a esta tecnologia, que envolve também a recriação de modelos específicos de avatares para interpretação dos papéis, bem como a incorporação de sistemas de animação mais sofisticados do que os presentes em um avatar comum do Second Life, a SL Shakespeare Company preocupou-se com a recriação exata do vestuário da época, tarefa entregue a especialistas que recriam roupas, cabelos, skins e objetos especificamente para cada peça de teatro.

Participação do público

Os cenários serão representações muito próximas aos da época de Shakespeare. Apesar da gama de soluções que o Second Life oferece, a equipe optou por padrões clássicos de elegância e ordem, usando somente os adereços essenciais para cada cena, preferindo apostar na interpretação da história como ponto-chave da experiência.

Tal como acontecia no teatro de Shakespeare, os atores esperam uma participação ativa do público - mesmo que não verbal - durante as peças. Esta audiência virtual do Second Life vai será agraciado com reproduções virtuais de objetos que poderão também ser lançadas para o palco. Claro que, para manter tudo isto, a SL Shakespeare Company procura apoiadores (mecenas) dispostos a subsidiar as peças, única forma de manter em pé um projeto deste tipo.

O interesse de uma experiência assim é demasiadamente evidente: pode ser uma forma de levar as peças do escritor à audiências que, de outra forma, provavelmente nunca as veriam. E pode incentivar um verdadeiro gosto pelo Teatro, que encaminhe novas multidões para os palcos do mundo real. Seja qual for o resultado, este novo passo dentro do Second Life é um indicador, uma vez mais, do potencial criativo e cultural que o sistema oferece. Comece fazendo uma visita à reprodução do Globe Theater e visite a página da companhia pelo site slshakespeare.com.

Assista a uma amostra do trabalho da SL Sheakesperare Company:



Escrito por José Antunes, do Expresso Clix.
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