quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Fechamento dos bancos no Second Life gera correria e controvérsia

Centenas de avatares tentaram a todo custo sacar seus depósitos, em bancos virtuais, até esta quarta-feira (23). Alguns tiveram sucesso. A maioria não.

Mesmo com o mundo real caminhando para a recessão, não estamos livres das crises econômicas, mesmo em um ambiente virtual como o Second Life. Na última terça-feira (22), a Linden Lab pôs em prática seu plano de interromper todas as atividades financeiras não regulamentadas, em seu metaverso, inclusive prometendo que selecionaria posteriormente alguns bancos, de 'boa reputação', para negociar uma futura autorização de funcionamento.

Vista como uma atitude de combate agressiva às fraudes financeiras, a medida da Linden gerou controvérsias em diversos de residentes. Uns apoiam a empresa e outros não. Isso porque, segundo matéria do Wall Street Journal, muitos destes bancos virtuais que estão sendo fechados, representam pessoas reais que investiram dinheiro real nestes projetos, e que agora não sabem como vão ficar nesta história.

Ao longo das últimas duas semanas, o Second Life observou um corre-corre de correntistas tentando freneticamente sacar seus depósitos ativos nestas instituições. Esta correria se intensificou principalmente neste final de semana. O temor era o de que após o dia 22, os bancos viriam a sumir, e seus fundos monetários também. Alguns residentes foram bem sucedidos nos saques (withdraw). Já o artigo do Wall Street Journal alerta que a maior fatia não conseguiu sacar, pelo menos até a manhã desta quarta-feira (23), pois os ATMs pararam de funcionar. Estes residentes seguem agora em estado de apreensão, pois constataram que não conseguem mais fazer retiradas de seu dinheiro virtual.

"Este fato das pessoas não recuperarem seus depósitos é uma infelicidade sem tamanho", afirma Benjamin Duranske, advogado e editor do blog Virtually Blind, especializado em jurisprudência cibernética e seus impactos no mundo real. "Entretanto, sabemos que a maioria destes 'bancos' não passam de esquemas fraudulentos bem montados", considerou. Duranske apóia a decisão da Linden Lab e diz que, apesar de extremamente radical, a medida de fechar os bancos virtuais pode evitar lá na frente que outros residentes sejam pegos em novas e desagradáveis surpresas com suas finanças. "É uma jogada inteligente, com perspectiva empresarial e jurídica, o que mostra que a Linden mais uma vez trabalha focando um crescimento com segurança para o Second Life, a médio e longo prazo", conclui.

Toda repressão que ocorre hoje aos bancos virtuais, no metaverso, é fruto do colapso da Ginko Financial - uma instituição irregular que prometia aos residentes investidores ganhos astronômicos, que chegavam a exagerados 40%. O Mundo Linden foi o primeiro veículo informativo no Brasil que anunciou um possível fechamento deste banco, pois vários residentes brasileiros veteranos mantinham valores depositados na Ginko. Dias depois, a direção da Ginko oficializou a interrupção de suas atividades, sem devolver aos correntistas os valores depositados. Estima-se que o rombo da Ginko está na casa dos US$ 1.1 milhão.

Desde ontem (quarta, 23), os funcionários da Linden estão impedidos de informarem quanto dinheiro virtual poderá ser perdido com o fechamento dos bancos e o desligamento dos ATM's. Mas, enquanto pessoas como Duranske acham isso algo bom para o Second Life (e até pode ser no futuro), para outros residentes, com dinheiro investido no metaverso, isso pode representar 'nenhum futuro' no Second Life.

Com informações do Wall Street Journal.
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