segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O escândalo do uso dos 'bots' nas propriedades do Second Life

Cresce a quantidade de locais flagrados com a presença de 'avatares zumbis', que mascaram a audiência de determinadas ilhas no grid. Já existem donos de terras que defendem o uso deste recurso e até 'prestadores' deste tipo de serviço.

Com reportagem do blog New World Notes

Quem criou a horda de 'avatares zumbis' (bots) que agora infestam os locais mais populares do Second Life? Esta questão prossegue em pleno mistério. Mas, conforme investigações em andamento, presume-se que o problema é mais amplo do que originalmente se achava. Após uma denuncia publicada em um blog de grande audiência nos EUA, a reportagem se dirigiu para a B&B Skins, uma ilha/emporium de moda, que constantemente figura entre os mais mais do 'toplist' da Linden, de locais populares, que é atualizado a cada três dias.


Pelo mapa, foi observada a presença de 88 avatares nesta ilha. Porém, não avistamos quase nenhum na superfície do terreno. Mas estavam lá, em algum lugar. Para nossa surpresa, descobrimos que parte deles estavam 'submersos' em uma mini-lagoa e outra grande parte estava em uma plataforma suspensa no ar, quatrocentos metros acima da ilha B&B. O repórter se colocou próximo a eles, convidou-os para dançar, mas ninguém respondeu. Como a dança é uma atividade essencial e costumeira em grandes aglomerações de avatares, era no mínimo muito estranho todos eles estarem parados e não conversando uma única palavra.

Tentamos, dias depois, chegar novamente aos 'zumbis' que estavam neste mesmo café suspenso. Mas não houve sorte, pois o local foi elevado para uma altura acima do limite de 400 metros até onde qualquer residente pode voar. Acima desta altura, somente com a ajuda de 'hacks' (que não dispunhamos naquele momento) seria possível alcançar os bots, tentar novo contato e registrar mais imagens. No entanto, conseguimos localizar a proprietária da ilha, Bagnaria Wunderle, que estava no solo e serenamente em pé diante de uma varanda de sua mansão, na beira-mar. Perguntamos sobre as dezenas de 'zumbis' acima de nós e ela nos respondeu de forma muito seca: "Espero que na sua matéria cite as outras ilhas. Existem centenas que usam 'bots'. É tudo que tenho a dizer", afirmou.

A sra. Wunderle não está errada. Após contactá-la, visitamos aleatoriamente outras três ilhas presentes na TopList de locais populares da Linden. Em uma delas, ao encontrar novos grupos de avatares, procuramos puxar assunto. Somente um deles respondeu, dizendo que a maioria estava ali usando os 'camp' para ganhar lindens e realizando outros afazeres. Mas como ele sabia disso? Não seria alguém recrutado a ficar ali para responder este tipo de pergunta?

Em outra ilha, Platinum World, também encontramos um 'café' posicionado no nível do mar e abarrotado de bots. Nele apenas alguns avatares genuínos utilizando o sistema de camping do local. Mais adiante, um nightclub chamado 'TheHood", alinhou diversos bots ao longo do bar, como 'manequins' assistindo os avatares legítimos que estavam ali dançando.

Efeito colateral do código aberto

No ano passado, a Linden Lab liberou uma versão em código aberto do seu navegador 3D, encorajando iniciativas de inovação por parte dos residentes, desta vez do 'lado de fora' do metaverso. Porém esta decisão acarretou conseqüências indesejadas: versões hackeadas do código podem criar populações de avatares a partir de um único local: os 'bots' (ou 'zumbis'). "Existem diferentes níveis de sofisticação", disse Bagnaria Wunderle, de quem falamos a pouco. "Em qualquer caso, os 'bots' não são totalmente diferentes dos campers. Só que neste caso, os bots recebem bem menos que os avatares legítimos, o que torna o recurso muito atraente para proprietários de ilhas que desejam aumentar audiência, cortando gastos".

Perguntada sobre a viabilidade financeira de se manter um camping repleto de bots, Wunderle nos revelou que os zumbis não pertenciam a ela, mas a um residente que estava ganhando muito dinheiro com isso. Sobre quem seria este avatar, ela não quis responder, pois representaria 'quebra de contrato' com o prestador deste 'serviço'. Bagnaria disse que, a princípio, era totalmente contra ao uso de bots nas ilhas, mas teve que ceder, por causa da política inconsistente, segundo ela, de aferição de audiência nos locais do Second Life. "Quando percebi que meus concorrentes estavam lucrando com o uso de bots, e que a Linden Lab não estava fazendo nada a respeito, tive que tomar uma decisão", disse.

"O problema não é vender, e sim o tráfego. Pois os usuários estão cada vez mais procurando locais que tenham bons índices de audiência. Ninguém mais vai em locais desertos. Consumidores desejam comprar, e ao mesmo tempo interagir com outros avatares. Assim sendo, proprietários como eu estão usando os bots para trazer equilíbrio ao trafego, mesmo que aumentando a audiência artificialmente", considera Bagnaria. Perguntada se ela pudesse gerir seu negócio sem o uso dos bots, "sem dúvida" foi a sua resposta.

'Actorbots'

A reportagem observou que alguns 'bots' não são mais aqueles avatares com aparência 'noob', e que ficam totalmente estáticos onde se posicionam. Os hackers já estão desenvolvendo os chamados 'actor bots' ou 'chatting bots'. São avatares zumbis, com bom aspecto visual (com roupas, skins e acessórios), mas que também realizam movimentos aleatórios, como andar de um lado para outro, executar 'poses', dançar, etc. Curiosamente, alguns também 'respondem' quando perguntados via IM ou quando o interlocutor está próximo a eles. A função deles é confundir os donos de terra, ou moderadores, afim de evitar seu banimento.

Mas são muito poucos, pois nem todos os hackers detém esta tecnologia, que foi desenvolvida pela empresa SineWave, para uso em 'actorbots do bem', afim de testar conceitos de inteligência artificial no Second Life e suas aplicações junto à empresas que desejam manter 'funcionários virtuais' em seus espaços no metaverso.

Camping e Desespero

Não podemos deixar de mencionar que os hackers também estão utilizando os 'bots' para ganhar lindens nos 'camping zones'. Em locais com muitos camping chairs, já verificamos a presença de dezenas de zumbis, inclusive com mesmo 'sobrenome' e padrão de primeiro nome (Ex.: PrimeiroNome Sobrenomeigual).

A reportagem recebeu um protesto de outros proprietários que souberam de nossa consulta, onde se afirmavam vítimas da ação de griefers e seus bots. Rebecca Vacano, da Platinum World, se dizia 'em estado de desespero' pois todos os dias tinha que perder tempo precioso banindo grupos de avatares zumbis de sua ilha. No dia seguinte, eles voltavam com outros nomes. Rebeca informou também que há mais de um mês cobra da Linden Lab uma solução para a questão. A companhia apenas pede o nome dos avatares zumbis, o que só torna o processo ainda mais desgastante para o proprietário de terreno. Vacano disse que uma solução seria a exclusão dos camping zones, mas que não o faria temendo o esvaziamento da sua ilha. Ela espera que a Linden de algum modo corriga o código aberto, impedindo que um hacker possa criar dezenas de avatares e usá-los ao mesmo tempo, através de uma mesma origem.

[Atualização | 19:32] Depois que a matéria acima foi publicada, nossa caixa de e-mail recebeu várias mensagens elogiando a postura do Mundo Linden, que é a de oferecer informação incondicional. Porém, vários avatares no Brasil e no Exterior aparentemente se sentiram 'ofendidos' com este texto, ordenando inclusive que o retirássemos do ar. Para estas pessoas, deixamos claro o seguinte:

1 - As informações acima estão todas baseadas em um post do blog americano New World Notes. Não retiramos nem acrescentamos nada. A responsabilidade dos dados, portanto, são do autor daquele veículo;

2 - Uma vez respeitados os créditos das informações, o Mundo Linden se reserva ao direito de torná-las públicas para a comunidade brasileira, igualmente alvo da ação dos 'bots' e seus criadores;

3 - Não responderemos a nenhuma provocação, tampouco temos medo de processo. Nossa assessoria jurídica já nos trouxe esclarecimento sobre o assunto, indicando que não há 'objeto que se submeta à júdice', principalmente aos que se referem as ameaças de processo originárias do Exterior que, segundo nosso jurídico, foram feitas passionalmente e sem nenhuma base legal (que por sinal é algo muito comum no Second Life: os pseudo-juristas);

4 - O Google/Blogger garante aos autores e editores de blogs o direito à livre expressão, salvo em casos extremos, como incitação à violência, intolerância racial, religiosa ou pornografia infantil. Em nenhum destes parâmetros, a matéria acima comete violação;

5 - Não mudaremos uma única vírgula ou acento deste texto, que será mantido nos arquivos do Mundo Linden, enquanto este blog existir.

Rebecca postou no YouTube um protesto contra o uso dos 'bots' no Second Life:



Com informações do New World Notes.
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6 comentários:

Unknown disse...

Isso só mostra como esses donos de ilhas são preguiçosos e sem nenhuma criatividade. Ao invez de usar a criatividade, promover algum atrativo em suas terras de forma a chamar a atenção do público, algo que divirta, promova interação e agregue algo, preferem lançar de mão desses recursos desonestos. O pior é que esse verdadeiro batalhão de bots causam um tremendo lag no metaverso, além de outro malefícios como o de deixar o SL com fama de local de trapasseiros.
Sábado estive em uma SIM brasileira e descobri uma skybox cheia de bots, fotografei o local junto de uma amiga, o dono da ilha chegou e ao ver que descobrimos o esconderijo dos bots nos baniram da ilha e colocou um big-prim pra que ninguém chege até o local onde estão os bots. Tenho tudo fotografado, os bots e o dono da ilha no local.

Anônimo disse...

Muito interessante essa reportagem , algumas ilhas brasileiras utilizam esse método faz muito tempo

E a utilizaçao de bots vem desde a epoca que ainda existiam casinos , era muito interessante sentar em um casino e receber varios lindens em mais de 10-15 personagens , eles foram criados para isso inicilmente

Com a saida dos casinos acabaram descobrindo que poderiam tirar proveito do trafico ja que o sistema da linden é ineficiente e marca por avatar e não por IP

Hoje parar os bots é impossivel , o que se pode fazer é limitar o registro por IP , assim como é feito nos adsense do google por exemplo que so marca 1 clique por IP , dessa maneira mesmo 1,2,3,10 ou mais vindo de 1 IP so contabilizaria o trafico de 1 residente

Ricardo Aum disse...

Tah aí, gostaria de saber qual o real problema com os BOts? Pq esse assunto está dando tando oq falar? Os bots são uma alternativa ao camping que na minha opinião deveria ter sido banido a tempos.
Na minha opnião os Bots acrescentam muito mais ao SL doq o camping. Os bots pelo menos trazem uma tecnlogia interessante de Intelig~encia Artificial, que pode vir a ser usada de forma legítima em diversas situações.

De verdade eu ainda não entendo pq gente que disponibiliza o camping em suas terras está tão preocupado com isso, parece mania de perseguição.

Unknown disse...

Ricardo, ai você comete um equivoco eu acho, (acho) pois não sou expert no assunto mas já li coisas a respeito. Os bots para serem enquadrados em inteligência artificial, teriam que ter a capacidade de auto-aperfeiçoamento, criatividade e uso da linguagem. O que não é o caso desse bots. Pode até ser o inicio da centelha que um dia possa a vir ser algo assim. Mas no momento até onde eu sei, eles só fazem coisas programadas e não passam daquilo ao qual estão limitados.
Eu sou contra o uso de bots sim pra o fim ao qual estão usando, e não contra o uso destes pra estudar o que vc disse I.A. Agora, porque usar bots se pode usar a inteligência e criar algo que atraia gente de verdade pra land, promova interatividade e agregue algum valor ao metaverso?
Como estão sendo usados não passam de verdadeiros zumbis. Que graça tem, você chegar em uma ilha cheia de "supostas pessoas" mas que na verdade são bots, não conversão com vc, não interagem, não da pra se fazer amizade, efim, não acrescenta em nada ali da forma como estão, são meras ferramentas para picaretagem em fraudar pontos de acesso em uma land. Se tivessem sendo usados para o que vc disse I.A e que de alguma forma promovesse interatividade e acrescentasse valor ai sim, nada contra, mas da forma como estão sendo usados, só ajudando a gerar ainda mais lag no sistema, e mostrar a falta de criatividade dos donos de ilhas que não sabem criar algo que chame o publico de verdade pra seu espaço. Não concordo com este meio de uso. Os camps, ao menos usados por pessoas de verdade atras dos avatares, além de ajudar os novatos a darem os primeiros passos, é um meio de as pessoas se interagirem, ao menos quando entrei no metaverso que não tinha dessas coisas as primeiras semanas que fiz camp, conheci e interagi com muitas pessoas interessantes, fiz amizades. Enfim, coisas que não da pra se fazer em uma ilha que só tem zumbis. Nesta ilha que fui, cheia de bots em uma sky, simplismente ficavam la parados, não faziam nada, até empurrei alguns la de cima ficam jogados la no chão se fazer nada, até lembrava aquele filme, invasores de corpos aquela cena.

Anônimo disse...

Ricardo, o problema é que os bots tem sido usados apenas para gerar trafego ou ganhar lindens em vários camps.
Não acredito que limitar o acesso por IP seja uma boa, pois algumas empresas usam o SL com vários funcionários logados num mesmo IP. O que talvez funcionasse seria criar algo que autenticasse as contas de uma mesma pessoa, não permitindo criar contas totalmente anonimas como é hoje, pois a facilidade de criar milhares de avatares 100% anonimos é que gera tantos zumbis.
Suelen, tb já fotografei uma plataforma cheia de bots numa ilha bem conhecida, todos dançando em camps que pagavam 0L.
Acho que isso ainda vai dar muito o que falar...

Anônimo disse...

Foi neste blog que li uma reportagem: "INTERATIVIDADE OU MORTE". Morte começando com um "tiro no próprio pé", mas ainda é possível cauterizar. Depende somente dos BONS usuários do SL.