domingo, 4 de março de 2007

Sexo, drogas e máfias agitam mundo paralelo do Second Life


No sábado de Carnaval, uma festa reuniu cerca de 150 pessoas em uma ilha paradisíaca, com direito a trio elétrico, abadá e telões mostrando ao vivo a folia em Salvador. Se você perdeu, fique tranqüilo. Não foi nenhum evento vip freqüentado apenas por celebridades, mas um encontro num ambiente virtual, criado num jogo de computador chamado Second Life (SL).

Na internet desde 2003, o simulador tem hoje cerca de 4 milhões de usuários e chama a atenção de especialistas, alertas quanto a possíveis abusos

Composto por diversas ilhas onde as pessoas compram ou constroem suas casas, o jogo tem até moeda própria, o linden dollar (L$). Já existe um mercado em que pessoas compram créditos no jogo - pagando com dinheiro de verdade

Não demorou muito até o sucesso do SL chegar ao Brasil, onde estima-se que existam quase 100 mil jogadores. Ali, podem viver uma existência paralela, interagindo com pessoas de diferentes culturas

Mas, assim como na vida real, sexo, apologia das drogas e violência também encontram seu lugar no jogo. Basta um rápido passeio por algumas das ilhas do SL para se deparar com ofertas de sexo, personagens consumindo entorpecentes e andando armados

Há quatro meses, Bernard e Thaís, ambos de 22 anos, vivem a experiência de ter uma vida dupla. Namorando a distância (Bernard mora em Ribeirão Preto e Thaís em São Paulo), o casal encontrou no jogo uma forma de ganhar dinheiro bastante conhecida na vida real

O personagem de Bernard no jogo é cafetão do personagem de Thaís que se prostitui por até L$ 3 mil na vida virtual

As inspirações vindas do mundo real não param por aí. Preocupado em aumentar seus ganhos, que prefere não revelar, Bernard resolveu incrementar seu negócio: vendeu drogas. Virtuais, é claro. Os efeitos do "entorpecente virtual" deixam os personagens do jogo com movimentos descontrolados

EXTRAVASAR NA INTERNET - Para o psicólogo Erick Itakura, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), especialista em internet e estudioso do jogo, as atitudes de Bernard e Thaís podem ser uma forma de o casal lidar com suas fantasias. "O ambiente pode dar mais segurança para a pessoa se soltar', diz


Itakura, no entanto, alerta para alguns problemas, como o uso abusivo do jogo. "Em 2000 começaram a aparecer os primeiros casos de pessoas viciadas em chats", revela. "Quando interfere na vida da pessoa e ela deixa de ir à aula ou ao trabalho após passar a noite jogando, torna -se um problema.

Apesar de tratar ainda um pequeno número de dependentes em internet, o psiquiatra Aderbal Vieira Júnior, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo (Proad/Unifesp), acredita que a tendência é de aumento acentuado. "Daqui a algum tempo teremos um boom de pessoas em tratamento", diz

O fato de o sexo ser um dos componentes de maior atração em jogos desse tipo, para o psiquiatra, é uma forma de as pessoas realizarem o que não conseguem em seu cotidiano

ABALOS NA "FIRST LIFE" - O realismo das cenas de sexo no jogo acaba estremecendo relacionamentos reais. Foi o caso do militar P., de 40 anos, que prefere se identificar como seu personagem, 'P. Hush"


Casado, pai de duas filhas, diz que sua mulher teve ciúmes de suas atitudes dentro do SL, principalmente depois de saber que ele fazia sexo virtual. 'Isso ocorreu no jogo umas seis vezes", diz. "Expliquei para a minha mulher como funcionava e dei a garantia de que tudo o que acontecer lá ficará só no jogo. Não é uma coisa que fico procurando direto. Se surgir a gente brinca. Não pega aids mesmo.

No Second Life também há quem procure abrigo na máfia. Uma cafetina, identificada apenas como Cicciolina, afirma levar a vida do crime virtual a sério. Além de comandar 20 meninas, ela conta ter negócios em outras áreas, como tráfico de armas e segurança particular. "Mas aqui no SL, depois da venda e aluguel de terrenos e das lojas de roupas, o que mais dá lucro é a indústria do sexo.

Ainda há, porém, coisas proibidas no SL. A Linden Lab, empresa que administra o jogo, pune com expulsão do mundo virtual quem cometer discriminação e preconceito


Fonte: Agência Estado.

3 comentários:

Anônimo disse...

É preocupante o apresentado nesta matéria da Agência Estado. Precisamos observar as práticas de nossos filhos dentro do Second Life para evitar que seu caráter seja comprometido pelas tentações que o mundo virtual possa oferecer.

Debora Perenti disse...

Concordo com você amiga Elaine. O Second Life é reconhecidamente um sistema para acesso a maiores de 18 anos. Entretanto, existe uma versão 'Teen' do Second Life para adolescentes. Em breve postaremos um artigo sobre esta versão. Continue ligada no Mundo Linden ;)

Anônimo disse...

Eu gosto do jogo..mas sei separa as coisas..nunca misturo RL com SL .Conheço pessoas interessantes e faço sexo com elas quando tenho vontade. Me exito as vezes só em olha pro meu avatar nu. Isso é doentio? Quem vai saber?