Brasileiros acusados de roubarem peles para avatares estão sendo alvo de manifestações e protestos por parte dos criadores americanos, que culpam a Linden Lab de negligenciar a questão. Comunidade nacional protesta contra a ‘generalização’ e contra o banimento sumário de avatares.

A coisa toda eclodiu na semana passada, quando uma famosa designer do Second Life, Emilia Redgrave, que estava para lançar uma nova linha de "peles" da sua grife neste sábado (2), através de sua assessoria emitiu uma nota informando à comunidade que estava cancelando este lançamento. O motivo? "Devido às atividades criminosas no Second Life e às ameaças de que suas skins poderiam ser roubadas momentos após seu lançamento, a Sra. Redgrave não viu outro meio senão cancelar o evento". Na nota, ela enumerou os avatares suspeitos de estarem roubando e revendendo a preços mínimos o seu trabalho. E conclui informando que não estava descartado o encerramento das suas atividades, em definitivo, caso a Linden não resolvesse a questão nas próximas semanas.

Falha de segurança no navegador
O que mais preocupa os americanos neste momento é a omissão da Linden Lab diante do problema. Apesar da companhia já ter deletado a conta de Bonnie Arado, falhas de segurança do navegador SL permitem que, com algum grau de conhecimento, qualquer avatar tenha acesso a conteúdo supostamente "protegido" de outro avatar, se aproprie dele e consiga reutiliza-lo para fins comerciais. Já existem, portanto, incontáveis outros residentes que conhecem o método de roubo de ítens.

Ainda segundo Chapado, o problema é antigo e que apenas a Redgrave se manifestou, inclusive devido à sua fama e reputação entre os lojistas do Second Life. Para ele, ações restritivas não vão corrigir o problema, e nem mesmo uma correção de segurança no navegador SL. O problema vem desde os servidores. Pelo conteúdo do blog de Chapado, observa-se que ele tem conhecimentos sólidos de liguagem e do motor de funcionamento do metaverso. Ele conclui que, para evitar roubo de conteúdos, todo Second Life deveria ser "refeito", como ele prova em seu blog.
EUA x Brasil
O Jira (fórum oficial de discussões da Linden Lab), possui um tópico antigo e já famoso, que aborda a questão do roubo de skins, o SVC-676, que iniciou em Setembro de 2007. É a primeira menção oficial de que se tem notícia, sobre o problema do roubo de skins no Second Life. O Jira, além de fórum de discussões, é um meio pelo qual o residente pode relatar problemas de toda ordem diretamente à Linden. Pelo artigo inicial, observa-se que o problema se arrasta desde o início de 2006, quando pouquíssimos brasileiros freqüentavam o Second Life, e muito pouco se sabia sobre suas falhas de segurança.

Até pouco tempo, a comunidade americana no Second Life (ainda a maior) via com restrição e desdém o crescimeto das atividades brasileiras no metaverso. Mas sabemos que, na vida real, os brasileiros não gozam de grande respeito, devido às diversas questões culturais e preconceitos que existem. De certa forma, isso acabou se refletindo no mundo virtual. Agora, existe uma "generalização" de pensamento no qual, para os gringos, os brasileiros são oportunistas, arruaceiros, desorganizados e - pior - ladrões. Somos acusados de "invadir" ilhas, causarmos transtornos em eventos, tomar conta de todos os camp lands existentes, utilizar armas griefer, dentre outras coisas ruins, como se nenhum outro avatar de qualquer outra nacionalidade fizesse isso. Hoje, os americanos implicam até mesmo com a nossa Língua Portuguesa. Em algumas lands, avatares brasileiros do bem já foram hostilizados por abrirem o "voice", conversarem em português ou, até mesmo, em inglês com sotaque brasileiro. Soubemos que até os avatares de Portugal estão sendo hostilizados, por estarem sendo confundidos com brasileiros.
Repercussão negativa no Brasil
Dezenas de lojistas brasileiros já estão sentido as consequências da onda anti-brasileira que se espalha pelo Second Life. Contratos foram cancelados, parcerias internacionais desfeitas, dentre outros prejuízos, pois os americanos (nossos maiores consumidores) estão perdendo a confiança nos produtos das marcas brasileiras. Eles estão deixando de acreditar que nós criamos "do zero" nossos produtos e já desconfiam até mesmo da nossa capacidade profissional.

Fato é que não se nega que um brasileiro ajudou a causar tamanho estrago. Mas que também não foram apenas os brasileiros os causadores desta situação. Na lista presente no Jira, aparecem avatares de outras nacionalidades e, principalmente, americanos. Estamos involuntariamente assumido todo o ônus da questão porque um brasileiro é apontado como o maior responsável pelos prejuízos dos designers e criadores de conteúdo do Second Life. É preciso, imediatamente, que a sensatez impere que a razão prevaleça, diante dos fatos reais. Todos devemos assumir nossas responsabilidades, mas é altamente injusto colocar a culpa em toda uma comunidade, na sua imensa maioria formada por gente do bem, que trabalha e ganha honestamente no metaverso. Nós brasileiros devemos, então, reagir contra algo que está ficando fora do controle. Pois o problema não é mais apenas sobre o roubo de skins e conteúdos. E sim, preponderantemente, o preconceito que os americanos nutrem pelos brasileiros, há muitas décadas.
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