sexta-feira, 22 de junho de 2007

Fundação real se aventura no mundo online Second Life

A fundação MacArthur, talvez mais conhecida pelas bolsas que concede a cada ano a pessoas que designa como gênios, ofereceu ao Centro de Diplomacia Pública da Universidade do Sul da Califórnia US$ 550 mil para que este promovesse eventos no Second Life.

Pela primeira vez, uma das grandes fundações dos Estados Unidos está se aventurando pelos mundos virtuais, como promotora de atividades e discussões e para estudar o papel que a filantropia pode exercer naquela ambiente. A fundação, a John D. and Catherine T. MacArthur Foundation, mais conhecida como Fundação MacArthur, está promovendo eventos no mundo online Second Life.

Os objetivos são descobrir de que maneira os mundos virtuais são usados pelos jovens, apresentar a fundação a uma audiência que talvez tenha baixa exposição à filantropia institucional e promover e participar de discussões sobre as questões reais com que a fundação costuma trabalhar.

"Não se trata apenas de uma moda ou de algo novo e interessante que decidimos aproveitar", afirma Jonathan Fanton, presidente da Fundação MacArthur. "Conversações sérias acontecem aqui, as pessoas têm um envolvimento profundo, e isso nos levou a pensar que uma grande fundação talvez devesse estar presente no mundo virtual, além do real".

O Second Life alega ter mais de sete milhões de usuários, cerca de um terço dos quais norte-americanos. Os usuários usam uma representação virtual, conhecida como avatar, para navegar pelo mundo online. A fundação MacArthur, talvez mais conhecida pelas bolsas que concede a cada ano a pessoas que designa como gênios, ofereceu ao Centro de Diplomacia Pública da Universidade do Sul da Califórnia US$ 550 mil para que este promovesse eventos no Second Life, entre os quais discussões sobre a maneira pela qual a fundação pode tratar de questões como migração e educação.

Em um desses eventos, nesta quinta-feira, Fanton, cujo avatar do Second Life leva o nome de Jonathan MacFound, vai debater o papel da filantropia nos mundos virtuais com Philip Rosedale, fundador e presidente-executivo da Linden Labs, a empresa responsável pelo Second Life. Fanton declarou em entrevista que a MacArthur planejava abrir um escritório no mundo virtual, futuramente, e por meio dele fazer doações que representarão doações efetivas no mundo real. "Ainda estamos descobrindo a melhor maneira de fazê-lo", ele disse. "Tudo isso tem sido uma experiência de aprendizado".

Rosedale diz que fazer doações no mundo virtual oferece a fundações a oportunidade de explorar conceitos e desenvolver programas antes de implementá-los de maneira concreta. "No Second Life, é possível começar alguma coisa a custo muito baixo, brincar com ela e permitir que germine, e depois investir mais se e quando ela decolar", afirmou.

Organizações de caridade e outras instituições sem fins lucrativos estão também começando a migrar para o chamado metaverso, em busca de maneiras de atrair novos doadores e na esperança de educar audiências mais amplas sobre as causas às quais se dedicam. O grupo britânico Adventure Ecology encenou uma inundação virtual no Second Life, para mostrar um possível efeito do aquecimento global, e um professor de psiquiatria da Universidade da Califórnia em Davis criou uma maneira de seus alunos experimentarem, no mundo virtual, as sensações que uma pessoa que sofre de alucinações esquizofrênicas sente na vida real.

"É uma excelente ferramenta de conscientização", disse Beth Kanter, consultora especializada em organizações sem fins lucrativos. "Pode-se conduzir alguém em uma experiência, lá, ou sentar e discutir aquilo que uma organização esteja fazendo de forma que não é possível no mundo real ou na web". Mais de 30 organizações sem fins lucrativos abriram escritórios em uma incubadora virtual de empresas do Second Life, a Nonprofit Commons, operada pelo TechSoup, um grupo que ajuda organizações sem fins lucrativos na área da tecnologia.

Por Stephanie Strom
Fonte: The New York Times / Terra.

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