domingo, 17 de junho de 2007

Regata virtual: America’s Cup torna-se virtual

A 32ª edição da America’s Cup, a competição náutica que preteriu Lisboa ao invés de Valência, tem este ano uma novidade em termos de divulgação: chega a todo o lado, inclusive no Second Life.

Englobando nesta edição, a 32ª, a Taça Louis Vuitton e a Taça da América propriamente dita, a competição náutica que elegeu Valência como o centro de operações decorre ao longo de três meses em que as embarcações concorrentes disputam uma série de provas tendentes a encontrar a equipe vencedora.


Este ano, pela primeira vez, a comissão organizadora decidiu aproveitar integralmente o poder dos meios de comunicação para levar as notícias do evento a todo o lado. Da televisão, rádio e imprensa escrita até à Internet ou aparelhos celulares – onde é possível assistir a um “live sailing” após assinatura de um serviço e download do software –, nada parece faltar a quem não pode estar na cidade espanhola.

Mas a America’s Cup está também em Second Life (SL) e provavelmente toda a estrutura concebida para alojar o evento virtual vai ficar no lugar, tornando-se no centro de operações náuticas do mundo virtual, que tem uma tradição já longa de vela.

De fato, logo no lançamento do SL, alguns dos habitantes solicitaram à Linden Lab que criasse canais onde fosse possível navegar, para a prática de vela. Uma coisa leva à outra, e a Federação de Vela de Second Life (SLSF – Second Life Sailing Federation) nasceu, nas docas virtuais de Sanchon, convidando velejadores e outros marinheiros (reais e virtuais) a juntarem-se em defesa da prática da modalidade. Exposições náuticas no metaverso têm demonstrado a vitalidade do setor, que originou a criação de embarcações copiando modelos reais ou inventando novas.

Recriar a marina

Modelos como o Flying Tako, uma pequena embarcação de recreio criada por Kanker Greenacre, cortam agora as águas de SL, usando o vento virtual do próprio mundo, e que permite navegar em condições semelhantes às da realidade. E melhorará com a introdução de um movo modelo de efeitos atmosféricos, atualmente em teste pela Linden Lab.

Isso permite às escolas de vela usarem o SL para treino de algumas manobras e aprendizagem, e potenciou, agora, a realização de regatas com os Tako, que servem para selecionar os vencedores que no final vão poder competir – virtualmente – com os modelos dos veleiros ACA32 presentes em Valência.

Lançado no Second Life em 25 de Maio, o PortAmericasCupAnywhere é a recriação virtual do evento de Valência, um projeto encomendado pela Alcatel-Lucent, parceira de mídia da prova, à agência de comunicação 9th, uma empresa vocacionada para a concepção de espaços virtuais.

Na área criada propositadamente para a ação, é possível visualizar os registros de vídeo das corridas do dia, ver animações 3D da corrida com comentários áudio, assistir a apresentações do jogo oficial do evento, Virtual Skipper, participar em festas VIP com DJs de renome e praticar esportes aquáticos, da vela ao windsurf. E ainda simplesmente beber uma cerveja virtual no bar disponível, ou jogar xadrez no gigantesco tabuleiro inscrito num relvado do local.

Simulador fica em SL

A reportagem conversou no local com Florencia San Martin (foto), fundadora da 9th.com, através do seu avatar, Florencia007. Para a responsável da agência, que concebeu o simulador e gerencia toda a atividade das comunidades de SL em torno do evento, “o momento alto sucede quando as competições náuticas virtuais decorrem”.

Florencia não é nova na área, desde 1995 que ela e sua equipe se movem nos mundos virtuais, usando as sucessivas tecnologias 3D disponíveis no mercado. A empresa especializou-se na concepção de Salas Virtuais, tendo como responsável da área Dennis Jones, professor da Faculdade de Arquitetura e Estudos Urbanos do Instituto Politécnico da Virgínia, nos Estados Unidos.

Ao conceber o simulador sob encomenda da Alcatel-Lucent, a 9th.com definiu-o como uma reprodução das corridas de Valência, com um calendário de provas próximo da realidade. Para o evento virtual a 9th.com criou o ACA32 Racer, produzido internamente por Neal Nomad, com “scripting” (programação) de Jaqueline Trudeau. O modelo baseia-se no “script” original do Tako. As animações das tripulações estão sob responsabilidade de Larinda Cordeaux. O modelo ACA32 Racer será vendido a todos os velejadores de SL que desejem possuir uma das embarcações.

Para Scott Robinson, diretor geral da Alcatel-Lucent, o simulador de SL responde à “ambição da empresa de criar plataformas que permitem mostrar projetos futuros da empresa”. O simulador é considerado como um momento histórico no contexto da navegação desportiva em SL, salienta Florencia San Martin, adiantando que por causa da receptividade que o projeto teve os responsáveis estudam a hipótese de mantê-lo aberto depois que a edição deste ano do America’s Cup terminar. Serviria “como centro de eventos náuticos. A opção está, de fato, sendo analizada”.

Por Jose Antunes
Fonte: Clix Expresso.

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