domingo, 29 de abril de 2007

Second Life vira febre no Brasil

Em Uberlândia, o número de usuários do jogo virtual ainda é tímido.

O Especialista em Novos Negócios da CTBC, Flávio Henrique Zago, também busca sucesso no mundo virtual
Jeremy Platthy é um nova-iorquino de pouco mais de 20 anos, emo e perdido. Sua vida parece não ter rumo, vive a dar cabeçadas, em prédios muros e até em paredes de castelos, não conseguiu um emprego sequer e só tem no bolso 1 Linden Dólar. Jeremy é um fracassado no Second Life (SL). Se você ainda não ouviu falar no SL, ou segunda vida, prepare-se. A tendência é que o jogo, criado em 2002, mas que se alastrou a partir de 2005, vire febre no Brasil. Por enquanto, em Uberlândia, o número de usuários ainda é tímido, mas algumas experiências são mais bem-sucedidas do que a de Jeremy.

O Second Life abre um novo horizonte. As cidades viram ilhas que você pode visitar com apenas um click no mouse. Você pode mudar de vida e isso inclui tudo, da cor dos cabelos ao sexo e, o melhor, é que a cirurgia plástica é imediata e indolor. Tudo começa e termina, sob o comando dos seus dedos. Considerada uma ferramenta social, e não um jogo, por seu criador, Philip Rosedale, o SL tem mais de 5 milhões de usuários no mundo, número que sobe a cada segundo.

A oferta de uma nova vida inclui noites regadas à bebida e a sexo, por isso, os menores têm uma versão teen com algumas restrições. A média de idade dos usuários é de 32 anos, a maioria fala inglês, tem internet banda larga e um bom microcomputador. Desde a última segunda-feira, o Brasil tornou-se o primeiro país a ter um portal de entrada exclusivo no portal. (Leia abaixo)

Durante uma viagem de negócios, o Especialista em Novos Negócios da CTBC, Flávio Henrique Zago, 31, foi "aplicado" (gíria muito usada entre os jovens para dizer que foi apresentado a alguma novidade) ao sistema por ninguém menos que Philip Rosedale. Foi há pouco mais de nove meses. Flávio criou seu avatar (designação do personagem), Luiggi Matova e segue sua saga virtual. "O Luiggi é parecido comigo, mas não em tudo. O que mais me atrai no SL é a possibilidade de romper barreiras que você tem no mundo real. É uma quebra de paradigmas", afirmou. Flávio aprecia a autonomia que o usuário tem no SL. "A maioria dos games de fantasia te impõe um padrão na hora de definir seu jogador, o SL não. Você faz o que bem entender", comentou.

Trabalho é a chave para o crescimento do avatar

Os primeiros dias no Second Life não são fáceis para ninguém e podem ser piores para quem não tem intimidade com o computador. Luiggi Matova, avatar de Flávio Zago, chegou sem nada, mas já teve dois empregos e, após participar de uma rodada de discussões sobre tecnologia, pode ser um dos membros do conselho do SL. A situação foi diferente para Humberto Gomes, 22, estudante e sócio de uma lan house. "Prefiro o The Sims", afirmou categoricamente. Sua vida no SL foi curta e na lan house a procura pelo jogo é baixa. "O movimento aqui em Uberlândia é fraco, estou até pensando em retirar o programa das máquinas porque só tem ocupado espaço", reclamou.

A reportagem visitou algumas lan houses e foi às ruas para saber como anda o ibope do SL em Uberlândia e confirmou a informação de Humberto Gomes. Ele não acredita que o idioma seja uma barreira, já que vários dos seus games mais procurados estão em inglês.

Flávio Zago acredita que a situação em Uberlândia pode melhorar e dá dicas para os novatos."A melhor forma de se dar bem é por meio do trabalho, que lhe proporcionará o Linden Dólar para comprar roupas, casas, carros e até mesmo ilhas. E se você tem alguma habilidade profissional, utilize-a no jogo", revelou. Oferecer seus serviços pode ser uma forma de acumular Linden Dólars, aumentar seu patrimônio virtual e tornar-se popular no mundo virtual, e quem sabe, no real. Muitas empresas investem em eventos realizados no SL. Mas não vá esquecer da sua vida real, afinal, esta é uma só e não possui botão on/off. Vale mais utilizar a ferramenta SL como um campo de treinamento, simular entrevistas de e-mail ou mesmo uma paquera. "Atualmente eu não fico mais que quatro horas por semana no jogo. Deve se ter cuidado com o tempo dedicado a este aprendizado virtual", finalizou Flávio.

Os passos de Jeremy Platthy durante um mês no 2º mundo

Jeremy Platthy nasceu ou surgiu em 21 de março de 2007. Em pouco mais de um mês de vida não se alimentou, não bebeu, não arrumou emprego e a única coisa que ganhou foi L$ 1 por executar um movimento de hula ao agradecer a um oráculo virtual por uma informação na Ilha de Orientação do Second Life. No SL você já nasce adulto e Jeremy percebeu em poucas horas o quanto é difícil ser pai e mãe de si mesmo. Vagou por mais de três semanas pela Ilha de Orientação, primeira parada no SL. Ao descobrir que poderia voar usou e abusou do recurso. Mas logo ficou enjoado da brincadeira e da solidão daquela ilha. As pessoas apareciam e desapareciam do seu círculo. Pensou em mudar seu nome para "voador fracassado". Decidiu que voltaria à ilha pela última vez. Para sua surpresa vários perdidos apareceram por lá no mesmo 27 de abril, 9h horário do Brasil, 5h horário do SL. Kadis Tomsen, 24, era um português simpático com um péssimo inglês que não ajudou em nada, tinha as mesmas perguntas de Jeremy para responder. O espanhol Richardson Klaar procurava por garotas. A exclusividade no SL pode não durar muito, em alguns minutos surgiu Crowford Benelli, um irmão gêmeo que Richardson nem sabia que tinha. A diferença entre os dois era uma tocha carregada por Benelli. "Adeus mundo cruel." Quando estava à beira da morte, eis que surge uma luz no fim da tela para Jeremy. D1ogo Foden (assim mesmo, com o 1 no lugar do i), veio em seu socorro. Usando o recurso do teletransporte levou Jeremy para Copacabana. "Poxa, não tem um lugar mais internacional para me levar, não?", reclamou o ingrato. Foram então para Amsterdã, uma das cidades mais loucas da Holanda. Durante o passeio, rolava muito rock nos fones de ouvido. Muitas prostitutas virtuais nas ruas e até ofertas de emprego.

Troca

D1ogo levou Jeremy a um lugar onde poderia trocar de corpo, oferta recusada. Voltaram então à Ilha Brasil, onde já tem agência bancária, financeiras, entretenimento. De lá seguiram para a agência de notícias Reuters, que mantém um repórter real no SL. Por ali Jeremy ficou. Estava pensando se poderia arrumar um emprego por lá, caso sua criadora fosse demitida depois da demora em entregar esta reportagem. Se ter uma vida não é fácil, imagina duas.

O jogo no País

O Brasil é o primeiro país a ter sua própria porta de entrada para o universo virtual de maior sucesso em todo o mundo. O www.secondlifebrasil.com.br está no ar desde o dia 24. Sem a barreira da língua, a tendência é que os brasileiros invadam definitivamente o SL. Os usuários podem adquirir Linden dólares pagando em real e usando cartão de crédito nacional ou boleto bancário. R$ 1 vale 1 mil Kaizen Cash (KC$), e L$ 1 vale KC$ 10.

O Brasil é o pioneiro na implantação do Second Life Global Provider, programa desenvolvido pela criadora do Second Life, Linden Lab, em parceria com a empresa nacional Kaizen Games. "O Second Life está modificando a maneira como as pessoas se relacionam na rede e estamos muito orgulhosos de oferecer esse universo virtual em português", afirmou Emiliano de Castro, diretor de marketing do Second Life Brasil. Espera-se que a população brasileira no Second Life Brasil atinja dois milhões até abril de 2008. A assinatura básica é gratuita e a premium custa R$ 19,90 por mês.

A configuração mínima para rodar o Second Life: processador Pentium 3 ou Athlon 800 MHz, 250 MB de memória RAM, placa de vídeo ATI Radeon 8500 ou 9250, nVidia GeForce 2 ou GeForce 4mx, 37 MB de espaço livre em disco, conexão de internet cabo ou DSL e Windows XP (Service Pack 2) ou Windows 2000 (Service Pack 4).

por Adriana Oliveira.
Fonte: Correio de Uberlândia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Um dos maiores empresários brasileiros no SL é de Uberlândia, Fernnando Boram, quem não conhece as praias Nelore?! Alguns são otimistas, outros pessimistas.

Desenho Alegre disse...

Uma dúvida: Quem já tem um avatar no SL "original" pode migrar pro SL Brasil? O que muda seria somente a lingua do software?