Linden Lab estuda abrir o 'código-fonte' dos servidores do Second Life
Vice-presidente da empresa, Joe Miller, diz que decisão é 'inevitável', devido ao rápido crescimento do grid. E acrescenta: “No futuro, qualquer residente poderia ter sua própria "ilha', com um servidor rodando em sua casa”. No entanto, a decisão ainda não foi tomada pela Linden.
Em um polêmico artigo, escrito nas últimas horas por Mitch Wagner, colunista do 'The Information Week', está ressaltada a possibilidade real da Linden Lab abrir o código-fonte dos servidores que abrigam e 'rodam' o Second Life. No final de Janeiro, a empresa já havia oficializado a abertura do código fonte do navegador SL. Hoje, devido ao crescimento exponencial que o metaverso apresenta, a Linden já pensa em permitir que terceiros controlem seus próprios servidores, que no mundo real representam as 'ilhas' (sim) por onde trafegamos no mundo virtual.
Se a decisão for tomada, qualquer investidor poderá controlar uma ilha sem depender da infra-estrutura da Linden Lab. Isso diminuiria a carga de responsabilidade que a empresa vem assumindo, dia após dia, e que não para de aumentar. Mesmo assim, a Linden não abriria mão do controle dos bancos de dados relativos a inventários e transações financeiras. Caberia aos terceirizadores controlarem as ilhas (servidores), os objetos posicionados nelas (inclusive com sistemas de backup fornecidos pela LL) e a 'saúde' da conexão banda larga exigida no processo.
Wagner fez uma rápida entrevista com Joe Miller, vice-presidente da Linden, onde perguntava ao executivo sobre rumores indicando abertura do código-fonte dos servidores do Second Life. Miller respondeu com uma palavra: 'inevitável'. A empresa vê a opção como uma decisão que terá que ser tomada, pela força das circunstâncias.
Em sua declaração, Miller (foto) afirma: "a Linden Lab é a única controladora de 'ilhas' hoje'. Deste serviço deriva a maior parte da receita da empresa. Entretanto inevitavelmente isso mudará, devido aos fatos (crescimento do grid), possibilitando que nossos usuários possam controlar suas ilhas em servidores próprios, apenas com nossa supervisão. Mas nossos datacenters serão mantidos, para que os 'continentes existentes continuem funcionando. Interessante nisso é a possibilidade real de que, no futuro, qualquer residente poderia ter sua própria 'ilha', com um servidor rodando em sua casa. Mas ainda vamos decidir isso. Eu particularmente considero inevitável'.
Miller, na entrevista à Wagner, dá detalhes sobre o que aconteceria se a decisão fosse tomada: "Técnica e comercialmente, o processo começaria com o licenciamento do código à outras companhias que possuem uma quantidade expressiva de ilhas em nossos servidores. A Linden publicaria então toda sua biblioteca de APIs permitindo que os usuários criem 'clones' dos nossos servidores, possibilitando assim a criação das primeiras ilhas (sims) fora dos nossos datacenters, o que seria um fato histórico para nós. Sob contrato, estas empresas criariam quantas ilhas quiserem, sob nossa supervisão. Com sucesso, em alguns meses, abriremos estas possibilidades à qualquer investidor comum".
Wagner prossegue no artigo, dizendo que sem dúvida seria um grande passo da empresa, que tem demonstrado estar cada vez mais 'sobrecarregada' em ter que cuidar, ao mesmo tempo, dos problemas técnicos apresentados (quase que diariamente), da evolução dos softwares de serviço e de navegação, da 'lag' em alguns continentes ('mainlands), além da própria expansão do grid. O fato de Joe Miller já falar abertamente sobre a liberação dos códigos dos servidores indica, pela experiência de Wagner, que essa possibilidade é 'certa' e que "depende somente de tempo para acontecer".
Caso realmente ocorra, a Linden Lab terá menos responsabilidade e mais tempo para cuidar dos assuntos primordiais do grid, que passaria a funcionar em regime de VPN (virtual private network). As empresas e investidores passariam a suportar uma 'carga' que hoje compete exclusivamente à Linden. "Mas como a própria internet", considera Wagner, "é impossível querer manter tudo em um único local, por muito tempo. Ou seja, o 'dragão cresceu e agora quer sair da toca".
O que pensam os donos de ilhas
Além de ser a maior fonte de renda da Linden Lab, a venda de ilhas também faz parte da receita de muitas outras empresas, que compram estas ilhas e as revendem em pedaços. Este é o modelo de negócio, por exemplo, da chinesa Anshe Chung. A mudança do modelo de negócios na Linden atingiria diretamente os negócios da primeira milionária do Second Life. Wagner diz em seu artigo que Chung não quis comentar o assunto, e arremata que ela tem que rever, assim como a Linden, seu modelo de negócio, para que não tenha surpresas desagradáveis em breve.
Wagner contactou, então, outra 'magnata de terras' do Second Life, mas em escala menor comparada à chinesa. Prokofy Neva, que administra um empreendimento semelhante ao de Anshe Chung, minimiza a notícia, dizendo que todos já sabiam que isso iria ocorrer mais cedo ou mais tarde. No Virtual Worlds 2007, do qual ela participou, o assunto foi comentado em rodas muito 'restritas' de participantes e sem muito alarde. Mas ocorreram de fato os comentários. "Agora parece que o advento dos 'servidores em código aberto' do Second Life está se tornando 'público", constata a empresária virtual.
Neva, que é colaboradora do site SL Herald, afirma ainda que, desde Fevereiro, ouve comentários de alguns membros da Linden Lab sobre a abertura do código também nos servidores. Mas que a decisão estava em estudo e que ainda poderia ser tomada. Ela concorda também que, em um primeiro momento, "apenas as grandes empresas, como a IBM, teriam acesso à estes servidores. Contudo, é certo que os investidores comuns, com eu e você, serão responsáveis pelo 'boom' maior que o Second Life vai experimentar a partir do segundo semestre de 2007. Tudo depende da Linden liberar o código dos servidores".
O que falta para acontecer?
Wagner conclui seu artigo, escrito em duas partes, que a Linden ainda está analisando como gerenciará a supervisão dos servidores remotos, além de quais serviços oferecerá e modelos de contrato que supram a receita financeira que a empresa deixará de arrecadar. Mas analisa que, com o crescimento 'virtual' do grid, proporcionalmente outros serviços que a empresa fornecerá terão cada vez mais clientes consumidores, contrabalanceando a receita da Linden, e com menos carga de responsabilidade, em alguns aspectos, que a empresa detém ainda hoje.
Com informações da The Information Week.
quinta-feira, 19 de abril de 2007
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