quinta-feira, 31 de maio de 2007

Companhias abandonam o Second Life. Outras desenvolvem metaversos próprios

Problemas com o metaverso da Linden Lab e uma maior customização dos mundos virtuais são as principais causas apontadas para o fenômeno. Já são mais de 50 os mundos virtuais conhecidos. E este número deve crescer.

A Linden Lab que se cuide. É crescente no meio corporativo a idéia de que o Second Life não é necessariamente o único caminho para investimento em mundos virtuais e ambientes 3D, para propagação se sua imagem e produtos. Diversos problemas apontados pelas companhias, como segurança contra griefers, direitos autorais não assistidos e a própria imagem arranhada da Linden, devido a problemas legais que o Second Life atravessa, como pedofilia e a lavagem de dinheiro, tem feito com que elas criem uma nova releitura sobre ambientes virtuais.

Não quer dizer que estas empresas não aprovem ambientes 3D. Pelo contrário, elas querem criar seus próprios ambientes seguros de interação, tomando exclusivamente para si a responsabilidade de manterem seus próprios metaversos, não dependendo de nenhuma outra empresa para manter seus investimentos virtuais em atividade, com regras de segurança e comportamento próprios.

Recentemente a Wells Fargo, uma das maiores companhias financeiras e de investimentos dos EUA, anunciou sua saída do Second Life e seus investimentos próprios em um mundo virtual corporativo proprietário, mas com acesso público controlado. Este caso indica pela primeira vez um movimento de saída, e não de chegada, do metaverso da Linden Lab. A companhia alega que não quer sua imagem associada a um ambiente virtual 'sem controle', e que 'fecha os olhos' para atividades comportamentais reprováveis e ilegais, como a pedofilia virtual e a lavagem de dinheiro através da compra e venda de Linden Dólares.

Estas são questões que tem feito outras empresas como a Coca-cola (recém chegada ao metaveros), a News Corp. e a Royal Philips Eletronics repensarem suas presenças no metaverso. A assessoria de comunicação da Coca-cola, por exemplo, deixou claro que a Linden, questionada sobre a restrição de acessos à sua Ilha, não demonstrou um empenho em solucionar o problema de lentidão que a mesma apresenta, quando 'apenas' 30 residentes estão visitando o site da Coca-cola no Second Life. Isso vai de encontro às expectativas que a multinacional tinha, em relação à audiência. A companhia cancelou no mês passado um show com uma banda muito famosa, quando soube que sua ilha não poderia receber mais de 50 avatares, sem que travasse. Portanto, limitações de audiência e lentidão facilmente apresentável, são outros fatores negativos contra a Linden, perante a visão das companhias investidoras.

Second Life? Pra quê?

Duas outras companhias muito conhecidas, resolveram passar direto pelo fenômeno Second Life e agora preparam seus próprios universos, de acordo com os seus parâmetros desejáveis. Nestes casos, o mundo virtual da Linden Lab é 'usado' para que, com seus erros, estes mundos sejam criados com um maior grau de 'perfeição' e customização nos diversos fatores em que a gestora do Second Life peca.

A Walt Disney tem em adiantado estágio de desenvolvimento a criação de seu mundo virtual, com nome ainda não divulgado, em que pretende reproduzir fielmente seus parques temáticos reais, sediados nos EUA e Europa. O projeto é muito ambicioso, e vem sendo desenvolvido desde 2005. Devido à questões de funcionalidade, segurança anti-hacker e compatibilidade com placas 3d, o novo navegador para o ambiente virtual da Disney ainda não foi lançado. O estúdio pretende também oferecer navegação em seu mundo virtual, através de navegadores web como o IE e o Firefox.

A Nike, por sua vez, tem como proposta criar um sistema de entretenimento virtual com albumas bases metodológicas semelhantes aos do Entropia Universe, do qual alguns programadores e designers foram contratados para o desenvolvimento de seu novo metaverso. A Nike, em um primeiro momento, cogitou aproveitar a know-how da Linden Lab e o prestígio que o Second Life tem na mídia, para nele estrear a sua presença.

Mas, como se sabe, a Nike é talvez a marca mais 'pirateada' dentro do SL. Seria praticamente impossível para a empresa demonstrar seus produtos virtuais como 'originais', pois os piratas tem conhecimento extremamente avançado de criação. No Second Life, os produtos piratas da Nike podem ser 'melhores' até que os produtos 'originais'. Em certos casos, um lançamento da Nike no mundo real é feito quase que simultâneamente no mundo virtual da Linden. Este constrangimento afastou a companhia definitivamente do Second Life. Consequentemente, a Nike passou a desenvolver seu próprio mundo virtual corporativo. Mesmo assim, a multinacional pretende cobrar da Linden Lab, na Justiça americana, os direitos do uso indevido de sua imagem pelos seus residentes.

Preocupação

A Linden está atenta ao fenômeno da evasão de companhias. É óbvio que a gestora do Second Life não tem o menor interesse em perder oportunidades contratuais com estas empresas, novas ou já existentes em seu metaverso. Mas é grande a preocupação no departamento comercial em cima destes fatos. As causas, que fazem estas empresas 'reverem' suas presenças em seu metaverso, fazem com que a Linden observe e atue com maior objetividade em suas 'correções'. Mas não é algo assim tão simples. É impossível que a Linden consiga contornar todos os problemas do Second Life, sem que assuma uma postura ditatorial. Esta postura iria de encontro à proposta inicial de Rosedale, em tornar seu metaverso uma terra de oportunidades e com liberdade de criação. Mas o próprio fundador do Second Life está percebendo que não é tão simples dar este tipo de poder aos seus residentes. Em um mundo virtual, nem sempre a democracia traz benefícios comportamentais. Pelo contrário, está afastando dela seus grandes e potenciais investidores.•

Com informações do The New York Times.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tipida intriga da oposição.

Uma coisa é fato.
É difícil, muito difícil, surgir um concorrente a altura.

E se ameaçar surgir... basta a Linden abrir o código dos servidores, e pronto, virou padrão para a internetdo futuro, ninguém mais derruba. Eles devem estar com isso engatilhado, só esperando o momento certo, e aproveitando pra colher os lucros do monopólio enquanto dá...

Ele disse...

Sobre o caso da Nike, que bobagem! A empresa não quer comercializar seus 'tênis' no metaverso, o que ela quer é divulgar sua marca! E, se é este o objetivo, ela de fato nem precisaria entrar, já que a marca é uma das mais divulgadas sem que a empresa tenha gasto um único centavo!! É o sonho de toda empresa: divulgação sem custo! (e veja bem, nada a ver com pirataria do produto, ja que o foco não é vender 'produtos' no metaverso). Por outro lado, acredito que a empresa deva sim entrar no SL. Somente assim ela poderá guiar claramente o rumo que quer que a comunicação com seu público tome. Além disso, ela pode potencializar a exposição que a marca já tem com banners gigantes e bem feitos, ou mesmo com uma compra de espaço ao logar. Assim, de fato quase não se perceberia diferença entre produtos 'piratas' e outros.. ótimo! Percepção geral: a Nike patrocina o SL (ou tem presença lá) e está em TODA parte, em todos os 'metapés'! É boa esta Nike!! :-)