segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Sim, há vida no Second Life
por Paulo Ferraz*

"Concordo (com resalvas) com o Sr. Silvio Meira, na parte do artigo em que o mesmo afirma que o Second Life “é um mundo fechado, uma propriedade privada, comandada e ordenada por um único dono, a Linden Labs”. E também concordo na ponderação de que este universo tridimensional “não conversa com o resto da rede, com os outros mundos virtuais”. Porém, minha concordância com o experiente professor encerra por aí..."

Neste domingo (19/07/2007), ao acessar o portal G1 (www.g1.com), li um interessante artigo do Sr. Silvio Meira, professor titular de Engenharia de Software do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco em Recife, cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R) e engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), entitulado "Há vida em Second Life?”. O artigo do professor, no qual se afirmava que “a taxa de mortalidade infantil de Second Life é de 90 em cada 100 avatares ao fim do primeiro mês de vida”, questionava se “estaria o mundo virtual, como seus avatares, fadado a morrer”.

Concordo (com resalvas) com o Sr. Silvio, na parte do artigo em que o mesmo afirma que o Second Life “é um mundo fechado, uma propriedade privada, comandada e ordenada por um único dono, a Linden Labs”. E também concordo na ponderação de que este universo tridimensional “não conversa com o resto da rede, com os outros mundos virtuais”. Porém, minha concordância com o experiente professor encerra por aí...

Gostaria de transcrever abaixo uma passagem do referido artigo, sobre a qual buscarei fazer, logo em seguida, algumas ponderações bem elucidativas:

“Um servidor do SL só pode sustentar cerca de 70 avatares ao mesmo tempo. Pra criar uma multidão seria preciso milhares de servidores dedicados a um mesmo espaço. Ou mudar radicalmente o software que implementa o mundo. A primeira alternativa não se sustenta do ponto de vista econômico. E a segunda não é prática. Além de infinitamente mais cara.”

Novas soluções de acesso ao Second Life, muito mais amigáveis e feitas por meio dos navegadores (browsers) tradicionais, estão surgindo, o que facilita a popularização do famoso metaverso. Com o aparecimento de softwares como o AjaxLife, desenvolvido por uma adolescente inglesa de 15 anos, e outros que estão surgindo, muita coisa melhorará no famoso metaverso.

Com todo respeito, mas se uma garotinha de 15 anos foi capaz de, em apenas duas semanas, apresentar uma solução para melhorar a navegação no Second Life, o perspicaz professor não poderia encontrar, em pouco tempo, uma solução para tornar mais funcional o programa que criticou em seu artigo? Um artigo pode levar menos tempo para ser escrito do que um código de programa, mas sua contribuição levaria muito mais tempo para ser esquecida.

Com relação à questão dos servidores da Linden Lab serem insuficientes para sustentarem o acesso simultâneo de vários avatares ao mesmo tempo, seria precipitado afirmar que a alternativa do acréscimo de servidores não se sustentaria do ponto de vista econômico.

Como é sabido pelos profissionais que acompanham o desenvolvimento do Second Life, a sua empresa criadora e mantenedora, a Linden Lab, já havia anunciado duas estratégias para a melhoria do grid do famoso metaverso: a primeira seria a abertura do código-fonte do software (o que já é realidade), e a segunda seria a abertura do grid para as empresas interessadas em explorarem e hospedarem suas próprias ilhas ou mainlands.

Embora a política de abertura do grid pela Linden ainda não seja como a anistia política no passado recente de nosso país (ou seja, “ampla, total e irrestrita”), já vemos, na linha do horizonte, um sinal fumaça indicando a tendência de terceirização dos servidores pela mantenedora do Second Life: as ilhas pertencentes à empresa Kaizen Games, na operação comercial denominada “Mainland Brasil”.

Esta mudança de atitude aponta mais para uma possível convergência de metaversos no futuro, do que para a visão panfletária de que a Linden Lab seria um terrível vilão, conspirando para dominar o mundo virtual. Acalmem-se, senhores anarquistas!!! Em pouco tempo, outras empresas também deterão o privilégio que, por hora, apenas a Kaizen Games na sua parceria com o iG (Internet Group) conseguiu obter da Linden Lab, hospedando suas próprias ilhas nos servidores do famoso provedor nacional.

Falando na sustentação do ponto de vista econômico de vários servidores por uma mesma empresa, deixe-me dar um exemplo para ilustrar... Pensemos num empreendimento na área de ensino à distância que resolva, após uma análise ponderada, instalar seus próprios servidores, assim que a Linden Lab abrir o grid do Second Life. Esta empresa quer montar uma sala de aulas virtual, mas que realmente funcione sem muito lag (atraso) na navegação, ou sem os famosos engasgos na transmissão de áudio pelo processo de streaming.

Clique aqui para ler a íntegra deste artigo.

Origem: secondlifereview.blogspot.com

* Paulo Ferraz é advogado especializado em Direito das Telecomunicações, ex-servidor da Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, fez em 2000 curso de e-commerce no Massachusets Institute of Technology (M.I.T.) - USA, e possui experiência na área de Direito Empresarial, Franchising e Propriedade Industrial. Em seu escritório em Brasília, trabalha como consultor de empresas no Second Life.

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