terça-feira, 4 de setembro de 2007

O fim do Second Life como o conhecemos

Megaprojeto liderado pela USP acaba com mentalidade primitiva e descobre, enfim, para que serve o mundo virtual.


Esta não é mais uma entre as tantas notícias assim: “Fulano entrou no Second Life”. Mesmo porque o “fulano” desta reportagem são sete grandes universidades brasileiras, duas norte-americanas e pelo menos quatro empresas privadas. Toda essa gente se juntou para alterar o curso que vinha seguindo no País o popular universo digital tridimensional. E para descobrir, enfim, qual a utilidade prática do Second Life.


A palavra é educação. Liderada pela Universidade de São Paulo (USP), foi inaugurada na semana passada a Cidade do Conhecimento 2.0, uma incubadora de projetos digitais aberta a qualquer residente do mundo virtual. A mudança de paradigma está no conceito de não haver fins lucrativos na iniciativa.

Até então no Brasil, com algumas exceções, o Second Life se resumia a um punhado de ilhas forradas de outdoors, com festas ininterruptas e outros atrativos hedonistas para avatares os mais vaidosos. Psicologicamente, uma válvula de escape dos problemas cotidianos. Economicamente, uma divisão do território entre senhores feudais capitalistas.

O modelo de exploração se esgotou rapidamente. Levar uma segunda vida ficou chato e sem graça para 80% dos usuários, que abandonaram seus avatares depois da “febre” no início do ano. Hoje, há 9,2 milhões de residentes cadastrados, mas apenas 465 mil estiveram conectados na última semana.

“O Brasil no Second Life é infestado de marketing, faltava uma iniciativa com esse fôlego”, disse ao Link o diretor da Cidade do Conhecimento, Gilson Schwartz. No evento de lançamento da incubadora, na última terça-feira, houve um desfile de teorias e conjecturas sobre o futuro dos simuladores em 3D e da própria internet, vindas de acadêmicos e profissionais de diversas áreas.

Para o economista Décio Zylbersztajn, a impossibilidade de medir a reputação dos avatares e a falta de instituições (governo, legislação, etc.) fazem do Second Life não algo futurista, mas “jurássico” do ponto de vista de estrutura social. Não é o que pensa o criador do game e presidente da Linden Lab, Philip Rosedale. Na abertura da Second Life Community Convention, em Chicago, na semana passada, ele previu que o metaverso será “tão grande quanto” a Web e que todo mundo um dia terá um avatar.

A semioticista Lucia Santaella, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é mais realista. “Antes de ter preconceito e criticar, é preciso apalpar, explorar as possibilidades.” É a proposta da Cidade do Conhecimento 2.0. Construir mãos coletivas para quem quiser tatear e sondar esse novo conceito de civilização on-line.

Saiba mais sobre a Cidade do Conhecimento 2.0:

Como funciona

A incubadora digital brasileira vai seguir três passos para viabilizar projetos. Qualquer idéia pode ser enviada para o endereço cidade.conhecimento@gmail.com, quando será iniciada uma conversa informal sobre a proposta. “A idéia é não ser burocrático”, afirma o diretor da Cidade 2.0, Gilson Schwartz.

Critérios

Desde que adequada aos conceitos de Creative Commons, a idéia se transformará em projeto, com prazo para ser desenvolvido e implementado. Se então houver interesse de empresas, o direito de vendê-lo é do autor, e não das instituições envolvidas na Cidade do Conhecimento. Cultura semelhante à do Vale do Silício, nos EUA.

Programação

Uma grade de oficinas voltadas ao Second Life será divulgada em outubro, mas já em setembro será lançado o boletim “Redemoinhos 2.0”, para divulgar os trabalhos da incubadora. Haverá também quatro “bazares digitais” por ano, para trocas de experiências. O site oficial do projeto é http://cidade2.ig.com.br.

Escrito por Lucas Pretti, para o Link / Estadão.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Todo mundo que entra acha que vai fazer a diferença , pode se o papa entrando vai ser so mais um negocio , seja ele de que forma for

Provavelmente vai estar na mao de algum brasileiro que vai colocar item freebie e camp , porque se nao ninguem vai se interessar

Quero ver esse cidade do conhecimento daqui uns 15 dias depois de aberta , nao vai passar do bairro do conhecimento

O intuito é ensino a distancia otimo entao é so ser claro , mas ninguem vai acessar so SL pra ficar estudando alias 00000000000,1% acessa a internet pra isso entao nao vai alterar a vida de quem nao quiser estudar o SL continua e qualquer 1 que entrar la é so mais uma formiga que nao altera nada

e o dia que alterar ele fecha