sexta-feira, 7 de setembro de 2007

O grito de independência: Interação ou morte!
por Paulo Ferraz*

"O grid não pode estar sujeito a paralizações totais cada vez que precisa de “manutenção”, ou quando há uma queda de energia em San Francisco (Califórnia, EUA). Já existem intenções da Linden Lab no sentido de abrir o grid do Second Life, permitindo que empresas hospedem suas próprias ilhas ou de terceiros.”

Acordei na madrugada do dia 06 de setembro de 2007, após apagar na noite anterior durante as notícias de uma provável cassação (ou renúncia) de mais um Senador em Brasília, com vontade de relaxar e ouvir uma boa música. Em plena era do mp3, resolvi inovar na minha busca por uma forma de espantar a passageira insônia e acabei recorrendo a uma antiga técnica, revirando a minha gaveta de CDs.

Neste ano tumultuado em Brasília, ainda se usava este estranho ritual de busca musical, iniciado no século passado nos tempos do LP de vinil. O acervo de uma estante inteira de LPs cabia numa gaveta – Isto para nós era progresso. O jovem leitor pode estar imaginando: Pôxa, tio... Se o senhor ficou todo bobo ao ver vários CDs numa gaveta, como ficou ao saber que uma estante de LPs caberia num objeto do tamanho de uma tampa de caneta?

Dos vários títulos do meu acervo, encontrei um antigo CD só com hinos, gravado pelo Conjunto Musical da PM do Estado de SP, intitulado “O grito da independência”. O dito CD, que não tenho a menor idéia de como veio parar no meu acervo, terminou me inspirando para o nome deste artigo. Fiz questão de datá-lo, pois se a turminha que se instalou na Esplanada dos Ministérios não acabar com a liberdade pela Internet no Brasil antes de 2010, você terá chances de ler este texto algum dia (nem que seja numa pesquisa de bobeira pelo Google).

Pensando na força de propagação em massa da Internet, resolvi escrever este artigo e propor algo inusitado: Rever este artigo no dia 07 de setembro de 2010, constatando até aonde avançou a nossa democracia e progrediram os mundos virtuais em 3D. Será que, enfim, contivemos o avanço da corrupção? Terá o entusiasmo pelo Second Life sobrevivido, independente das ondas de pessimismo que vem e vão?

Sabendo da longevidade dos e-mails engraçadinhos pela net, resolvi dar a minha cota de contribuição à babaquice virtual, e lembrar de um fato histórico (não oficial) que nos remete ao dia da proclamação da independência do Brasil por Dom Pedro I. Sei que muitos já conhecem a história, mas é sempre bom relembrar o que os historiadores oficiais (os marqueteiros da era pré-mensalão) fizeram com um episódio real (em duplo sentido). Nem que seja a título de advertência para com a vigilância sob a manipulação dos dados históricos, acho que vale à pena prosseguir na leitura...

Contam alguns registros históricos que, apesar da bravura de Dom Pedro I em nos livrar de Portugal, o “grito da independência” (supostamente ocorrido em 07 de setembro de 1822) na verdade nunca existiu. Quando muito teria sido um gemido, emitido pelo Príncipe Regente no alto da colina (e não às margens do Ribeirão Ipiranga), quando se aliviava de uma diarréia daquelas, causada por umas costelinhas de porco que o mesmo comera, na noite anterior em Santos, na casa dos Andradas.

Junto a D. Pedro I não havia tanta gente quanto na famosa tela de Pedro Américo (acima), mas apenas quatro cavaleiros e dois mensageiros, que faziam uma “paredinha” para o mesmo “obrar”. O príncipe estava de calças arriadas quando chegaram os mensageiros, e não em trajes de gala. Ele estava no alto de uma colina, a um quilômetro das “margens do Ipiranga”, enquanto a comitiva o aguardava. Como vemos, a história real não é tão glamourosa quanto a oficial.

Assim como alguns maus historiadores, a mando dos governantes da época, podem “dourar a pílula” de fatos históricos, imagino que possam fazer o mesmo com a história do Second Life em alguns anos. Espero que este artigo sirva ao menos para as pessoas rirem um pouco e lembrarem que, apesar da dor de barriga pela qual o mercado em torno do Second Life passou em 2007, os mundos virtuais em 3D confirmem que vieram para ficar.

Não importa se o seu navegador atual é o Internet Explorer ou o Mozilla, como no passado pode ter sido o Netscape. Apesar da guerra travada entre os fabricantes dos browsers, o que estava em questão era o suposto domínio da navegação pela Internet. Hoje sabemos que isto é bobagem e que a web na sua versão 2D é uma realidade, a despeito de muitos terem tentado desacreditar sua viabilidade comercial na época.

Na Web 2.0, com a sua roupagem tridimensional, não será diferente. Para quem já testou outros metaversos, saberá dizer que o Second Life, apesar das críticas, ainda é o mundo virtual com maior viabilidade comercial dentre os concorrentes atualmente. Mas, assim como toda a rede da Internet foi implantada a partir dos servidores iniciais do projeto Arpanet, a tendência é que ocorra, espero que em breve, uma descentralização na hospedagem das ilhas integrantes do grid do mundo virtual da Linden Lab.

O grid não pode estar sujeito a paralizações totais cada vez que precisa de “manutenção”, ou quando há uma queda de energia em San Francisco (Califórnia, EUA). Já existem intenções da Linden Lab no sentido de abrir o grid do Second Life, permitindo que empresas hospedem suas próprias ilhas ou de terceiros. Como já disse em artigo anterior, tal tendência foi anunciada e já está sendo testada pioneiramente pela parceira entre as empresas Kaizen Games e Internet Group (iG), na operação comercial das ilhas integrantes da Mainland Brasil.

Apesar desta parcial abertura do grid, ou mesmo de uma liberação geral para a hospedagem de ilhas ou mainlands por terceiros, se a empresa não permitir que o Second Life “converse” com outros mundos virtuais, possibilitando a sua integração aos mesmos, não sobreviverá muito tempo no mercado. O metaverso HiPiHi, uma versão chinesa ainda pouco amigável do Second Life, já nasceu com a idéia de ser integrada a outros mundos virtuais. Segundo divulgado, a empresa responsável pelo HiPiHi já estaria inclusive fornecendo tecnologia aos outros metaversos, para que eles conversem entre si.

Em fase experimental, até se admite que toda a rede do famoso mundo virtual esteja concentrada em poucos servidores da Linden, como eram os do projeto Arpanet no início da Internet. Também podemos tolerar que, inicialmente, não haja uma interação de metaversos por uma questão de protocolos e padrões de softwares. Porém, o Second Life não terá longevidade se continuar fechado a outros mundos virtuais.

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Clique aqui para ler a íntegra deste artigo.

Origem: secondlifereview.blogspot.com

* Paulo Ferraz é advogado especializado em Direito das Telecomunicações, ex-servidor da Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, fez em 2000 curso de e-commerce no Massachusets Institute of Technology (M.I.T.) - USA, e possui experiência na área de Direito Empresarial, Franchising e Propriedade Industrial. Em seu escritório em Brasília, trabalha como consultor de empresas no Second Life.

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