domingo, 2 de setembro de 2007

Second Life abre perspectivas para o infinito, afirma diretora da PUC-SP

Esteticamente, “a SL é uma miragem da realidade” mas “todos são unânimes sobre as oportunidades que a SL abre para a exploração artística.” Já há dezenas de galerias instaladas no metaverso e novos concursos aparecem para pesquisas de arte nesta linguagem.

Lucia Santaella (foto), diretora do Centro de Pesquisa em Mídia Digital da PUC SP, chama o Second Life de “a” Second Life, considerando que se trata de uma segunda vida. Foi assim se referindo à segunda vida que ganhamos ao acessar o metaverso que ela proferiu a conferência que encerrrou o lançamento da Cidade do Conhecimento 2.0 na USP, na última terça. Veja a seguir, um resumo dos principais temas tratados durante a interessante palestra.

Lucia iniciou a exploração do tema aventando uma hipótese para o hiato existente entre o número de avatares criados e o de usuários ativos: o fato da interface ainda não ser intuitiva. “leva muito tempo para baixar o programa, o computador precisa estar equipado com gráficos de games, desenhar um avatar pode tomar horas, para tomar parte em um sistema perfeitamente capitalista em que se paga com dinheiro de verdade por roupas, casas, carros e genitália de mentira”.

Segundo Santaella, os entusiastas "adoram o site como um modeo de encontrar amigos e fazer experiências com a auto-expressão (...) festejam como uma forma de escape inovadora, fantasiosa e segura que propicia o jogo, a criatividade, a educação, o companheirismo, o amor e a luxúria”. Para os céticos, “a SL não passa de um empreendimento comercial que incentiva os valores da aquisição capitalista e do consumo” e “encoraja comportamentos anti-sociais, isolacionistas e viciosos”.

Diante do novo, Lucia sugere que caminhemos “às apalpadelas” pois, apesar das perspectivas otimistas ou pessimistas, “a SL é um negócio, e como todo negócio, é sério, com uma taxa de câmbio que flutua em relação ao dólar.”

Esteticamente, “a SL é uma miragem da realidade” mas “todos são unânimes sobre as oportunidades que a SL abre para a exploração artística.” Já há dezenas de galerias instaladas no metaverso e novos concursos aparecem para pesquisas de arte nesta linguagem.

Psicologicamente, “o apelo-chave desses novos espaços está na habilidade para agir e não simplesmente assistir, mas sobretudo, na sedução de ser visto.” Sociologicamente, “a SL não é apenas uma metáfora da realidade, mas, ao mesmo tempo, uma metáfora e uma realidade ela própria” com uma conexão entre ficção e realidade “perturbadora, indecidível.”

Em sua conclusão (após lembrar o quanto é difícil arriscar sobre o futuro dos games que já foram, até certo ponto, muito mais estudados) Santaella, para caracterizar a “a situação que agora vivemos, saltando entre os galhos que interconectam a primeira e a segunda vida”, usou uma frase de Walter Benjamin: Quando dois espelhos olham um para o outro, Satan jogo seu jogo favorito, abrindo a perspectiva para o infinito.

Origem: iG / SL Informa

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