quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Balanço do primeiro protesto virtual da história realizado no Second Life

Nos horários de intervalo do trabalho, as atividades “reais” não foram paralisadas, os funcionários controlaram seus avatares e os colocaram na porta de entrada da ilha da IBM no metaverso.

O protesto é virtual. Os trabalhadores são de verdade. É isso o que aconteceu na sede da IBM na Itália no fim da semana passada. Os funcionários da multinacional - organizados pelo Rappresentanze Sindacali Unitarie (RSU), uma central sindical italiana - realizaram um protesto no Second Life, o ambiente virtual e tridimensional que simula em alguns aspectos a vida real e social do ser humano, criado em 2003 pela empresa Linden Research, Inc. O motivo da manifestação foi o fim das negociações sobre o acordo coletivo e a suspensão do pagamento por produtividade.

Funcionários da IBM Itália lideraram manifestações
nas ilhas da companhia no Second Life

Nos horários de intervalo do trabalho – as atividades “reais” não foram paralisadas – os funcionários controlaram seus avatares, representações gráficas utilizadas em realidade virtual, e os colocaram na porta de entrada da ilha da IBM no Second Life. A empresa dispõe de diversas ilhas nesse mundo virtual onde faz marketing e negócios com clientes. Quando as “pessoas” chegavam, elas eram recebidas pelos manifestantes com camisetas e cartazes da manifestação. Teve até um kit com esses materiais, que foi distribuído virtualmente. Tal fato desgastou a imagem da empresa no mundo virtual e real.

A multinacional da computação tem 9 mil empregados na Itália e possui sedes em 18 países, incluindo o Brasil. Conversei com um amigo que trabalha na IBM do Brasil e ele me disse que as coisas estão calmas por aqui. Mas os funcionários acompanharam a movimentação italiana. Os organizadores esperavam reunir mais de mil pessoas no protesto virtual, que foi aberto a todos os residentes do Second Life. O RSU ainda colocou à disposição na internet um abaixo-assinado, com nomes de pessoas de mais de 30 países. O documento será enviado para a direção da empresa na Europa.(Acesse e assine aqui).

Foi o primeiro protesto virtual da história. Original? No mínimo. Num mundo em que as formas de trabalho se alteram de maneira vertiginosa e muitos não se sentem operários, por obterem altíssimos salários e viverem num ambiente fabril diferenciado, como é o caso dos programadores, é interessante ver o protesto desses operários modernos. Vale como reflexão. O sindicalismo italiano - que tanto influenciou o nosso sindicalismo no começo do século pela imigração e o anarco-sindicalismo – abre uma nova forma de luta e reivindicação. Aproveita-se da tecnologia para conseguir avanços para a categoria.

Escrito por Gustavo Petta, para o portal iG.

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