Balanço do primeiro protesto virtual da história realizado no Second Life
Nos horários de intervalo do trabalho, as atividades “reais” não foram paralisadas, os funcionários controlaram seus avatares e os colocaram na porta de entrada da ilha da IBM no metaverso.
O protesto é virtual. Os trabalhadores são de verdade. É isso o que aconteceu na sede da IBM na Itália no fim da semana passada. Os funcionários da multinacional - organizados pelo Rappresentanze Sindacali Unitarie (RSU), uma central sindical italiana - realizaram um protesto no Second Life, o ambiente virtual e tridimensional que simula em alguns aspectos a vida real e social do ser humano, criado em 2003 pela empresa Linden Research, Inc. O motivo da manifestação foi o fim das negociações sobre o acordo coletivo e a suspensão do pagamento por produtividade.
Nos horários de intervalo do trabalho – as atividades “reais” não foram paralisadas – os funcionários controlaram seus avatares, representações gráficas utilizadas em realidade virtual, e os colocaram na porta de entrada da ilha da IBM no Second Life. A empresa dispõe de diversas ilhas nesse mundo virtual onde faz marketing e negócios com clientes. Quando as “pessoas” chegavam, elas eram recebidas pelos manifestantes com camisetas e cartazes da manifestação. Teve até um kit com esses materiais, que foi distribuído virtualmente. Tal fato desgastou a imagem da empresa no mundo virtual e real.
A multinacional da computação tem 9 mil empregados na Itália e possui sedes em 18 países, incluindo o Brasil. Conversei com um amigo que trabalha na IBM do Brasil e ele me disse que as coisas estão calmas por aqui. Mas os funcionários acompanharam a movimentação italiana. Os organizadores esperavam reunir mais de mil pessoas no protesto virtual, que foi aberto a todos os residentes do Second Life. O RSU ainda colocou à disposição na internet um abaixo-assinado, com nomes de pessoas de mais de 30 países. O documento será enviado para a direção da empresa na Europa.(Acesse e assine aqui).
Foi o primeiro protesto virtual da história. Original? No mínimo. Num mundo em que as formas de trabalho se alteram de maneira vertiginosa e muitos não se sentem operários, por obterem altíssimos salários e viverem num ambiente fabril diferenciado, como é o caso dos programadores, é interessante ver o protesto desses operários modernos. Vale como reflexão. O sindicalismo italiano - que tanto influenciou o nosso sindicalismo no começo do século pela imigração e o anarco-sindicalismo – abre uma nova forma de luta e reivindicação. Aproveita-se da tecnologia para conseguir avanços para a categoria.
Escrito por Gustavo Petta, para o portal iG.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
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