terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Pioneiros do Second Life acreditam na sobrevida do metaverso

As três principais lideranças brasileiras no mundo virtual falam sobre o momento decisivo que o metaverso atravessa.

O processo de amadurecimento do Second Life no Brasil teve participação direta de diversas pessoas – inclusive e principalmente a massa anônima de usuários. Mas três líderes em especial se destacaram, por três perspectivas distintas e em três fases diferentes da evolução do conceito de segunda vida.

Gaston Nouvelle, nome do avatar do advogado Rogério dos Santos Gomes, inaugurou a Ilha Brasil em 2006, antes de se ouvir falar em Second Life no País. Gomes foi o primeiro a alardear que algo novo e em três dimensões acontecia na internet. Fez os primeiros negócios, ocupou os primeiros espaços e levou a segunda vida para a televisão. Daí veio a responsabilidade de ter “inaugurado” o Second Life no Brasil. “Cortei o mato para os outros passarem”, diz.

Um dos que passaram foi Maurílio Shintati (acima, na foto), diretor-geral da Kaizen Games, empresa de tecnologia brasileira que em abril do ano passado se tornou provedora global do programa e parceira da Linden Lab na distribuição do software, e que lançou o SL no País no final de 2006.

Shintati e os outros comandantes da Kaizen trouxeram em grande escala a perspectiva econômica. Permitiram trocar reais por linden dollars (a moeda do mundo virtual), passaram a vender terrenos e publicidade no território batizado de Mainland Brasil e, por meio de parcerias, aumentaram a audiência do Second Life. Em três meses, o Brasil passou do quinto para o segundo país em representação no mundo virtual – hoje ocupa a sexta posição. Apesar disso, Shintati diz que é tudo muito novo.

“Todos estamos tateando para ver as possibilidades reais de serviços, negócios, comunicação. É uma fase de amadurecimento.” O possível esvaziamento do SL, para o diretor-geral da Kaizen, é indiferente. “Estamos no caminho certo.”

ENFIM, AS IDÉIAS

Quando tudo estava colocado (estrutura e empreendimentos), chegou Gilson Schwartz (foto ao lado), coordenador da Cidade do Conhecimento 2.0, com as teorias. Acadêmico, ele é o idealizador do conceito de “iconomia” (a economia baseada no valor de ícones).

Além da Cidade do Conhecimento, ele é curador do Centro Cultural Bradesco, que o banco mantém em ilha própria no Second Life. Lá são promovidos palestras, exposições e debates sobre economia, filosofia e internet sempre focados em colaboração coletiva. A segunda vida passou a servir a propósitos que iam além do clima de corrida do ouro dos primeiros dias de existência do metaverso.

“Imaginar que o SL deva ser uma rotina na vida das pessoas é uma suposição. Eu, por exemplo, prefiro pensar como uma experiência riquíssima, porém nada rotineira”, afirma.

A mistura das três personalidades, de certa forma, resume o que é hoje o Second Life. Gomes, da Ilha Brasil, ainda vê o mundo virtual com empolgação: “Chega de HTML, imagem e texto. O SL veio para trazer mobilidade”, afirma. Shintati, da Kaizen, é mais sensato em seu parecer: “É uma nova etapa e uma nova forma de comunicação entre as pessoas”. E Schwartz, futurista, acerta no tom: “O futuro da internet é o que vamos fazer com a inteligência coletiva que essas tecnologias permitem”


Escrito por Lucas Pretti, para o Caderno Link . Estadão.
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