Por Paulo Ferraz*
"Apesar de todo o alarde de marketing a respeito de um suposto Second Life Brasil, o que existe de fato é um metaverso único, e uma empresa nacional explorando uma versão tupiniquim do mesmo software, que permitiu a conexão ao famoso universo virtual em 3D da Linden Lab ."
O metaverso criado pela empresa americana Linden Lab em 2002, foi o único que recebeu o nome Second Life. Existem vários universos virtuais em 3D, os metaversos, dos quais o Second Life é apenas mais um deles, embora seja o mais popular entre o público adulto e o mundo empresarial. Há pouco tempo, a Linden Lab concedeu uma licença a uma empresa brasileira, denominada Kaizen Games, para desenvolver uma versão em português e espanhol do software Second Life, com direitos exclusivos sobre ele.
Além da existência de um produto com o nome Second Life Brasil, outro fato também ajuda a causar muita confusão nas pessoas, com relação ao referido metaverso: é que existem por ali várias ilhas cujos proprietários são brasileiros. Apesar de todo o alarde de marketing a respeito de um suposto Second Life Brasil, o que existe de fato é um metaverso único, e uma empresa nacional explorando uma versão tupiniquim do mesmo software, que permitiu a conexão ao famoso universo virtual em 3D da Linden Lab . A empresa brasileira foi a primeira no mundo, e única até o presente momento, a obter uma licença para lançar uma versão local do produto da Linden Lab.
Atualmente, notamos nos proprietários das ilhas mais populares do Brasil, tal quais os donos das antigas capitanias hereditárias, aquele ranso monopolista e cartorial... Muitos querem atrair, para os seus pedaços de terra virtuais, quantias de investimento bem reais, partindo da falsa premissa de que uma boa localização do seu "ponto comercial", tal qual na vida real, ou mesmo uma suposta oficialidade da ilha, seriam a solução para boa parte dos riscos com a sua estratégia de entrada no metaverso.
Ao visitar ontem, dia 28 de junho de 2007, o site do Second Life Brasil, mantido pela empresa Kaizen Games, saltava ao nossos olhos uma mensagem publicitária, a qual ajudava a passar a impressão equivocada que, por meio do presente artigo, tento desfazer... Transcrevo abaixo um trecho do texto contido no banner da Kaizen Games:
"A Mainland Brasil é o território de mais de 10 milhões de m2 composto pelas terras oficiais brasileiras no Second Life".
Pelo que percebemos pelo texto do banner acima transcrito, somos induzidos a pensar que, no Second Life, as ilhas brasileiras que não forem da Kaizen Games serão, supostamente, algo clandestino, uma vez que esta empresa afirma deter "as terras oficiais brasileiras" no metaverso da Linden Lab. Expressões como "as melhores terras brasileiras no Second Life", se empregadas por qualquer dono de terra (land lord) como a Kaizen Games, já seriam de se esperar, pois os auto-elogios já são comuns na publicidade. O orgulho do próprio produto ou serviço é algo normal e previsível, e está longe de ser considerado algo que traga algum malefício ao mercado ou aos consumidores.
Aliás, numa economia de livre mercado, a competição é algo extremamente saudável e necessário, pois costuma ser benéfica ao consumidor. Porém, o nosso país oferece aos mercado uma proteção contra os enganos e abusos na publicidade, por meio do seu Código de Defesa do Consumidor (Lei n.° 8.078 /1990), quando nos impõe o seguinte:
"Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa , ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços ".
Não se pretende, com o exposto acima, negar que a Kaizen Games detém direitos de explorar, com exclusividade, as versões em português e espanhol do Second Life . Nenhum outro land lord exerce concorrência ilegal neste quesito, distribuindo versões não autorizadas do famoso software da empresa americana Linden Lab. Porém, quando nos referimos às outras ilhas brasileiras no Second Life, não estamos tratando de "loteamentos irregulares" ou "clandestinos", afinal todas estas terras foram legalmente adquiridas da Linden Lab.
Portanto, falar que as ilhas da Kaizen Games são "as terras oficiais brasileiras" no Second Life seria, no mínimo, induzir o consumidor em erro quanto à natureza e a qualidade do produto desta empresa. No intuito de contribuir com uma pequena luz de esclarecimento para o mercado, deixo aqui registrado o meu protesto e a minha humilde opinião, na qualidade de advogado e consultor de empresas no Second Life . Salvo melhor juízo, esta é a minha opinião.
*Paulo Ferraz é advogado formado pelo UniCEUB, inscrito na OAB/DF desde 1994, especializado no setor de telecomunicações, e ex servidor da Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL. Além da área de telecom, o profissional também possui vasta experiência nas áreas de Direito Empresarial, Franchising e Propriedade Industrial.
Em 2000, morou em Boston (nos Estados Unidos), e fez um curso de E-commerce no Massachusets Institute of Technology (M.I.T.). Na oportunidade, também trabalhou em Las Vegas numa empresa ponto com. Em 2005, morou novamente nos USA, na cidade de Marietta, próxima a Atlanta, no estado da Georgia, época em que teve o seu primeiro contato com o Second Life.
Com seu escritório real funcionando em Brasília, e um escritório virtual na Ilha Help Brasil, Paulo Ferraz tem dado consultoria às empresas e pessoas que pretendem introduzir sua marca ou presença no Second Life, explorando as novidades trazidas no universo virtual em 3D da Linden Lab, com um foco especial ao segmento de Franchising .
Contatos: www.pauloferraz.com
E-mail: pauloferraz.consultoria@gmail.com
Fones: (61) 3349-3615 e (61) 8183-3773
Um comentário:
Fico feliz que alguém tenha esclarecido isso. É uma confusão geral junto aos residentes, ninguém sabe dizer ao certo qual a diferença entre usuários do SL Brasil ou do SL americano. Valeu!
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