Por Paulo Ferraz*
"Se encararmos o metaverso de forma mais analítica, cautelosa e isenta, perceberemos que muitos negócios por ali ainda se encontram na infância."
Durante a infância do universo virtual criado pela empresa Linden Lab, mais conhecido como Second Life, temos notado alguns erros comuns na atitude de pessoas e empresas que resolveram dar o ar da sua graça pelo metaverso. Em muitos aspectos, o mundo virtual imita o mundo real...
Na vida real, notamos em algumas crianças, desde cedo, indícios de determinação e de um futuro brilhante pela frente. Da mesma forma, percebemos em outras crianças que o destino não lhes garantirá uma boa sorte, a menos que haja uma súbita mudança de atitudes e uma correção na sua educação.
Se encararmos o metaverso de forma mais analítica, cautelosa e isenta, perceberemos que muitos negócios por ali ainda se encontram na infância. E os primeiros passos destas "crianças" se dão sem a supervisão de adultos experientes, e sensatos o suficiente para lhes garantirem o apoio necessário na educação para um futuro vitorioso.
No mundo virtual nós temos, de um lado, os meninos maus, que querem a todo custo alfinetar e estourar a "bolha" da empolgação alheia, com atitudes de constante pessimismo e ceticismo. Do outro lado, temos alguns meninos bonzinhos, mas demasiadamente crédulos e otimistas, que recebem uma latinha cheia de estrume, e ficam super alegres esperando pelo pônei que lhe prometeram... Mas também existem outros meninos situados no meio termo, que se portam com uma irritante impaciência, como se começassem a cobrar dos pais o presente de natal já na semana da páscoa.
Assim como na vida real, estes vários meninos podem coexistir numa mesma pessoa, ou mesmo na atitude de alguma empresa quando se trata do mundo virtual no Second Life... É sobre a infância do metaverso que me proponho, de forma leve e despretenciosa, a analisar no presente artigo.
Assim como toda virada de ano vem cheia de previsões feitas por videntes, esta virada tecnológica para a web 2.0 com os universos virtuais em 3D (como o Second Life), tem feito alguns consultores de empresas se portarem como meninos maus, e apavorarem o mercado com suas "visões" nada otimistas do futuro dos metaversos. De umas duas semanas para cá, estes "gurus" estão apostando todas as fichas nas previsões catastróficas acerca do "estouro da bolha" do Second Life, comparando este momento do metaverso da Linden, de uma forma imprudente, com a crise da Nasdaq no ano de 2000.
Sobre os meninos bonzinhos e otimistas, posso citar o exemplo recente do lançamento do jornal "Metanews", iniciativa do grupo do jornal Estadão para o ambiente do Second Life... O seu lançamento foi feito numa segunda-feira, dia 02 de julho de 2007, e o jornal passou a ser distribuído exclusivamente na ilha de Copacabana, de responsabilidade da empresa Kaizen Games.
Quando finalmente consegui meu exemplar do Metanews, após alguns problemas para conseguir acessar a ilha de Copacabana, não parei de questionar o porquê daquele jornal ser distribuído em apenas numa única banca de revistas virtual... A versão virtual da revista VIP, por exemplo, tem sua distribuição bem racional, pois a mesma é encontrada em vários pontos do metaverso, sem que nenhuma ilha ou empresa monopolize sua distribuição.
Apesar de estar muito feliz por ter sido entrevistado para a edição do Metanews, e com a louvável inciativa daquele grupo, não deixo de me preocupar com a estratégia de distribuição do mesmo, adotada pelos meninos bonzinhos do marketing do Estadão... O monopólio na distribuição do Metanews, da forma como está ocorrendo na ilha da Copacabana, talvez não lhes garanta bem um pônei como prêmio perante a opinião pública...
Com todo respeito, mas ao falar dos quadrúpedes, não posso esquecer de uma passagem do filme de animação Shrek 2, protagonizada pelo simpático burrinho, toda vez que observo a ansiedade de algumas pessoas e empresas com relação a um rápido retorno para os seus investimentos no Second Life... A todo momento, o impaciente burrinho perguntava, numa atitude bem infantil: " Já estamos chegando?". Após ter irritado todos com a pergunta, o burrinho se comprometeu a não questionar mais, porém seguiu incomodando a todos com barulhos de estalos com a boca.
Assim também são os "meninos" impacientes do Second Life, perguntando "Quando virá o meu lucro?". As pessoas e empresas devem ter em mente que o metaverso é como um novo continente, com vasta extensão territorial, baixa densidade demográfica, mas que apresenta boas chances para o futuro. Todos os dias, o grid da Linden Lab tem recebido milhares de novos residentes, e novas soluções estão surgindo para facilitar o acesso ao Second Life por meio dos navegadores (browsers) tradicionais.
Assim, toda cautela e paciência deve ser empregada ao migrar para a web 2.0, para que seu negócio não adote uma atitude precipitada ao montar sua loja virtual no Second Life, e para você não correr o risco de ser visto como o burrinho chato do metaverso. Traçando uma estratégia a longo prazo, e gerando um conteúdo que respeite seu consumidor, o lucro será uma conseqüência natural da sua empreitada no metaverso.
As "meta-mancadas" são normais na infância do metaverso, mas podem ser minimizadas, com a orientação profissional adequada... Portanto, se na sua infância no Second Life, se você ou seu empreendimento tropeçarem ou cairem em algum ponto, levante, sacuda a poeira e dê a volta por cima! Lembre-se que tudo por ali é bem novo, e que os tombos fazem parte do aprendizado do caminhar.
*Paulo Ferraz é advogado formado pelo UniCEUB, inscrito na OAB/DF desde 1994, especializado no setor de telecomunicações, e ex servidor da Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL. Além da área de telecom, o profissional também possui vasta experiência nas áreas de Direito Empresarial, Franchising e Propriedade Industrial.
Em 2000, morou em Boston (nos Estados Unidos), e fez um curso de E-commerce no Massachusets Institute of Technology (M.I.T.). Na oportunidade, também trabalhou em Las Vegas numa empresa ponto com. Em 2005, morou novamente nos USA, na cidade de Marietta, próxima a Atlanta, no estado da Georgia, época em que teve o seu primeiro contato com o Second Life.
Com seu escritório real funcionando em Brasília, e um escritório virtual na Ilha Help Brasil, Paulo Ferraz tem dado consultoria às empresas e pessoas que pretendem introduzir sua marca ou presença no Second Life, explorando as novidades trazidas no universo virtual em 3D da Linden Lab, com um foco especial ao segmento de Franchising .
Contatos: www.pauloferraz.com
E-mail: pauloferraz.consultoria@gmail.com
Fones: (61) 3349-3615 e (61) 8183-3773
Nenhum comentário:
Postar um comentário