quarta-feira, 11 de julho de 2007

Editora brasileira lança 'Second Life: Guia de Viagem'

A idéia do livro não é pioneira - já existem guias do Second Life em várias outras línguas -, mas a produção nacional, escrita por Edgard B. Damiani, é bastante cuidadosa e uma excelente oportunidade para os brasileiros começarem neste universo e se acostumarem com os detalhes da vida paralela.

Você já ouviu falar do Second Life? Não? Então você está por fora de um tipo de tecnologia que vem mudando o comportamento de pessoas e empresas no mundo real - principalmente no Brasil. O Second Life é um metaverso (espaço virtual onde se pode simular sensações e experimentar ferramentas de interação) que vem despontando entre os universos 3D. É uma tentativa de reproduzir o mundo real, onde os jogadores, ou melhor, os 'avatares', se preocupam com status, dinheiro, status, estética e jogos. O usuário não paga nada para construir o seu avatar. Paga apenas para construir alguma coisa, como uma casa, ou para comprar itens. A grande vantagem é que você pode ser o que quiser – ou quase tudo que as condições de uso permitirem.

Foi para ajudar os interessados a ingressar na nova sensação da Internet que Edgar Damiani escreveu "Second Life: Guia de Viagem", pela Novatec Editora, uma espécie de cartilha para aprender a navegar no sistema. A idéia do livro não é pioneira - já existem guias do Second Life em várias outras línguas -, mas a produção nacional é bastante cuidadosa, uma excelente oportunidade para os brasileiros começarem neste universo e se acostumarem com os detalhes da vida paralela.

Como o programa tem regras que só os usuários mais experientes dominam, no livro ensina a controlar o avatar, mudar de aparência, fazer amizade com outros avatares, construir uma propriedade e até criar scripts com a LSL - termo de programação do Second Life. Calcula-se que, até os três primeiros meses de 2008, o número de usuários irá para 2 milhões. No Brasil, estão cadastrados cerca de 300 mil consumidores brasileiros.

"Os brasileiros são comunicativos por natureza, por isso abraçam com muita destreza sistemas que possibilitem a ampliação de seus círculos sociais. No entanto, para se manter como uma virtude, isso deve ser dosado, senão acaba se tornando prejudicial a outras atividades", analisa Edgar. Embora o número não seja muito expressivo no Brasil, há muitas empresas investindo bastante e outras tantas analisando, com precaução, a possibilidade de injetar o capital. O mundo virtual já conta com empresas de telefonia, sites de busca de empregos, cobertura do Jornal do Brasil, sede do comitê do PAN, partidos políticos, festas de Reveillon, Festival de Música com artistas reais e Parada Gay. No entanto, Edgar alerta aos empresários que o Second Life ainda é uma tecnologia embrionária, ainda não possui o mesmo grau de visibilidade e usabilidade que a Internet tem atualmente.

"O Second Life deve ser usado como um campo experimental, tanto em termos de marketing quanto em termos de interação com os potenciais consumidores. Agora não é a hora de pensar em retorno direto de investimentos, mas de pensar em termos de pesquisa e prospecção. Os empresários não devem acreditar se alguém quiser lhes vender a idéia de que o Second Life é uma mina de ouro! O potencial de crescimento é verdadeiro, mas esse tipo de atitude irreal e ultra-otimista tende a frustrar as pessoas", alerta o autor do Guia de Viagem. Mas isso não quer dizer que a convergência das mídias e o universo 3D seja apenas uma moda passageira. É a primeira vez que assistimos esse tipo de ambiente atingir de forma maciça os grandes meios de comunicação.

"Existe muita polêmica nesse ponto, mas é inegável que os ambientes 3D virtuais estão saindo do domínio dos "iniciados" - pessoas que já possuem experiência com esse tipo de ambiente - para cair nas graças do grande público. O que importa é que a engrenagem desse tipo de tecnologia foi posta em movimento, e isso ninguém vai conseguir parar." Com a leitura do guia se aprende muitos ‘macetes’ para administrar a segunda vida, mas cria-se a inquietude de uma pergunta: Com tanta coisa interessante acontecendo aqui do lado de fora, por que as pessoas se atraem tanto por uma imitação do real?

"Principalmente, pela sensação de liberdade - você pode ser o que quiser, fazer o que quiser. É uma maneira de transpor determinadas barreiras impostas pela vida real, o que pode ser uma coisa boa ou ruim, dependendo do uso que se faz disso. Sempre vão existir pessoas bem e mal-intencionadas em qualquer meio, inclusive dentro dos metaversos. (...) Sonhar não é ruim, desde que não se troque a vida real pelo sonho", defende Edgar.

Por Ramon Mello
Fonte: Click21 . www.click21.com.br

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