quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Crise no mercado financeiro do Second Life pode abalar sua credibilidade

Usuários têm corrido aos caixas eletrônicos virtuais para retirar seu dinheiro aplicado. Falta de regulação e transparência levou a crise no mundo virtual.

Diversos avatares vêm esperando para utilizar os caixas automáticos do Ginko Financial, banco do mundo virtual Second Life. Por mais de uma semana, os donos de contas vêm tentando resgatar seu dinheiro, desconfiados da capacidade de pagamento dos bancos. Devido às altas taxas de juros e o recente banimento de apostas dentro do jogo, uma possível quebra dos bancos pode ter um maior efeito no mundo virtual.

A economia do Second Life é baseada em um dinheiro fictício, os chamados “linden dólares”. Esse dinheiro não tem valor no mundo real -- apesar disso, os jogadores podem comprar ou vender os linden dólares por um câmbio de US$ 1 para cada 270 deles. Agora, toda a economia do Second Life, que pode afetar mais de 8,5 milhões de jogadores, está em apuros.

Segundo o site da publicação “Technology Review”, junto com a promessa de transformar os lucros virtuais em riquezas reais, há problemas no modo como as instituições financeiras do Second Life são gerenciadas, afirma Robert Bloomfield, economista na Universidade de Cornell que tem como um hobby sério o estudo da economia do mundo virtual.

“A pessoa que vai a um banco real tem noção de que há todo um corpo regulatório por trás daquele sistema, de olho nas reservas que o banco tem”, afirma. Em contraste, os bancos no Second Life são misteriosos e mal regulados. O diretor-executivo do Ginko Financial, André Sanchez, se recusou a disponibilizar dados dos investimentos do banco ou seu histórico financeiro e não revelou um plano claro para devolver o dinheiro das pessoas.

Em uma entrevista, Sanchez afirmou que inaugurou um banco no Second Life depois de ler a biografia de um banqueiro. “No começo, mesmo se eu falhasse, seria mais fácil apenas pagar às pessoas com meus rendimentos pessoais”, afirmou, O problema é que a escala de depósitos superou sua capacidade de pagamento –- de acordo com o site do banco, os depósitos atuais somam mais de US$ 750 mil.

Mudança de situação

Matthew Beller, que pesquisa e escreve sobre o Second Life e trabalha na Comissão de Títulos e Câmbio dos EUA, afirma que o atual crescimento do mundo virtual em breve se tornará insustentável. Como os linden dólares não têm nenhum apoio, a economia do Second Life está em risco de entrar em colapso.

Enquanto os mercados do Second Life permanecerem sem regulação e misteriosos, será bastante arriscado para as pessoas investirem nele. Entretanto, existem alguns esforços recentes para aumentar a transparência, como a formação de comissões para padronizar as negociações. Apesar de tudo isso, Bloomfield acredita que a economia do jogo irá sobreviver enquanto ele continuar a ter crescimento de demanda por bens e serviços virtuais, assim como por serviços reais, como programadores de computador.

Origem: Redação do G1 em São Paulo.

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