quarta-feira, 8 de agosto de 2007

"Ginko Financial" atravessa grave crise

Um dos mais populares serviços bancários virtuais do Second Life passa por dificuldades financeiras agudas, problemas de liquidez e pode fechar as portas a qualquer momento.

Na tarde do último domingo, Hinoserm Rebus, diretor da GinkoTec e da Ginko Financial, enviou um notecard para todos os usuários de seus serviços, que efetuaram depósitos monetários em Lindens no seu sistema. No aviso, também publicado no site oficial do banco virtual, ele indica aos correntistas que tem a disposição duas opções de saque de seus saldos e rendimentos:

1 - "Entrar na fila de espera"; ou

2 - Se não puder esperar "até que a empresa se recupere financeiramente", aceitar uma espécie de contrato "perpétuo", onde a Ginko assume que possui o saldo do cliente em débito e que, segundo a empresa, assim que receber um aporte de recursos de (in)prováveis investidores futuros, o banco entrará em contato com o correntista, afim de agendar o reembolso de seu saldo.

A empresa, contudo, não garante que já existam investidores interessados em "salvar" a Ginko. Segundo Rebus, diretor de relacionamento ao cliente e assessor de comunicação do banco, a Ginko impôs um limite diário de retiradas em até L$ 1 milhão. Não quer dizer que cada cliente pode retirar até um milhão de lindens. Na verdade, a Ginko é que não pode liberar um montante maior do que este ao longo de 24 horas.

O presidente da Ginko, Nicholas Portocarrero, perguntado pela reportagem sobre a real situação da empresa, disse que seu banco possui uma dívida ativa com seus usuários no patamar de L$ 200 milhões, algo em torno dos US$ 740 mil. Ele acredita que a má fase da Ginko será superada, nos próximos meses, e garante que em um ano seus correntistas recuperarão seu investimento, recebendo na íntegra seus saldos e redimentos, incluindo a correção monetária devida. Uma declaração absurdamente otimista, tendo em vista que o volume de depósitos "reclamados" apenas no website superam os L$ 118 milhões. Então, como um banqueiro pode estar otimista quando 60% dos seus correntistas desejam sacar seus fundos? Segundo Hinoserm Rebus, existe um volume de saque "inline" pendente na casa dos L$ 30 milhões. Contudo, a Ginko não libera mais de L$ 1 milhão por dia, das suas reservas.

Desconfiança

Na foto ao lado, correntistas perplexos recebem as más notícias do banco Ginko Financial.


Nos últimos dois meses, os métodos de operação da Ginko começaram a ser alvo de críticas e desconfiança por parte dos usuários do seus serviços. Por exemplo, não há um documento sequer que indique as verdadeiras identidades do presidente do banco, Nicholas Portocarrero, e do seu diretor de comunicação, Hinoserm Rebus. Pior, crescem as especulações de que os dois avatares são controlados por uma mesma pessoa. Os dois avatares negam veementemente esta "calunia", como a classificam.

Especialistas em comércio eletrônico, consultados pela reportagem da Herald, sugerem que os correntistas entrem imediatamente com uma ação judicial contra a Ginko e seus administradores, partindo do objetivo inicial de identificá-los, concluindo na recuperação de seus investimentos. Segundo eles, os fatos indiscutivelmente atestam que a empresa pode falir a qualquer momento. Uma ação judicial neste ponto minimizaria possibilidade de fuga por parte dos donos do banco, o que poderia enterrar as chances dos usuários recuperarem seu dinheiro depositado.

Por sinal, a falta de transparência da Ginko em operar na web e no Second Life é relativamente "tradicional". Além de ninguém saber quem é de fato Nicholas Portocarrero, o website não possui nenhuma informação física da empresa, como endereços e telefones. Simplesmente não há nada além de um formulário de contato. Portocarrero também resiste, quando perguntado, em informar como tem investido os fundos arrecadados com seus clientes. Estes e outros fatores sintomáticos, vistos de uma perspectiva mais ampla, indicam que a Ginko poderá ter sido, na prática, uma "grande ratoeira" contra avatares de boa fé que confiaram a ela suas economias.

Escrito por Pixeleen Mistral, do SL Herald.

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